Qualidade x preço: produtos de marca própria são confiáveis?
O monitoramento de todos os processos, da prospecção de fornecedores ao pós-lançamento, é fundamental para manter a qualidade dos produtos, garantindo fidelização e mais lucratividade
Em média 20% mais baratos do que os líderes de mercado, os produtos de marca própria caíram nas graças da população nos últimos anos. Embora os itens que levam o nome de lojas e supermercados estejam cada vez mais presentes nas cestas dos brasileiros, ainda há quem olhe com desconfiança: “qualidade e preço justo caminham mesmo lado a lado?”. O questionamento é válido, de acordo com Antônio Sá, especialista em varejo e sócio-fundador da Amicci, empresa de desenvolvimento e gestão de marcas próprias.
“Até pouco tempo atrás, produtos de marcas próprias eram vistos como de ‘procedência duvidosa’. O diferencial era realmente o preço baixo, sem pensar na qualidade do que era oferecido. Com o passar dos anos, estudos foram feitos e, além de aprimorar a formulação, ocorreram melhorias nos conceitos e embalagens”, contextualiza Sá.
Agora, empresas que desenvolvem portfólio próprio apostam no controle de qualidade, com um sistema que analisa padrões seguindo parâmetros definidos. São feitas auditorias nas fábricas e monitoramento de cada item antes e após o lançamento, por meio de SAC, garantindo ainda mais satisfação aos clientes. Não é para menos que, segundo o especialista da Amicci, a estratégia esteja sendo usada pelos principais varejistas como forma de fidelizar o público, além de ter maior lucratividade e ganhar vantagem competitiva.
“O controle é de ponta a ponta. A empresa pode acompanhar e selecionar cada ingrediente para oferecer mais qualidade aos produtos disponíveis na gôndola. O processo vai desde a fabricação ao fornecimento, armazenamento e pós-venda. O time multidisciplinar realiza diversas análises e seleciona o melhor fornecedor dentro de uma base extremamente qualificada”, explica.
Com a alta da inflação e orçamento cada vez mais apertado, a maneira de driblar a crise foi buscar soluções mais econômicas, visto que uma pesquisa da +Valor mostrou que os gastos médios mensais dos brasileiros com alimentação chegam a R$ 618, o que representa 50,9% do valor do salário mínimo. A variedade e o preço justo chamaram atenção e hoje, conforme dados da NielsenIQ, as marcas próprias já estão presentes em 34% dos lares brasileiros.
Sá ressalta que, embora o valor seja um atrativo, o que atrai e fideliza é uma combinação de fatores, como qualidade do produto, tipo de embalagem, atributos visuais, posicionamento da gôndola e, claro, preço. Para ele, o equilíbrio entre os pontos, seguido do posicionamento da marca, é fundamental para a estratégia dos varejistas.
Muitos supermercadistas enxergam nas marcas próprias uma estratégia de negócio e já usufruem das principais vantagens. Tanto é que 21 das 30 maiores empresas de supermercado do Brasil, segundo o Ranking ABRAS 2023, realizado pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) em parceria com a NielsenIQ, já apostam na alternativa.
“Os consumidores estão cada vez mais exigentes e os varejistas estão atentos a essa realidade, que se reflete na escolha de cada ingrediente dos produtos de Marcas Próprias. A Unibrasil, por exemplo, desenvolveu o Macarrão Instantâneo da Marca Própria Felitá, que rapidamente se tornou o líder de vendas, com participação acima de 50% na categoria. E trago outro case de cliente da Amicci, dessa vez do setor Pet. A Petz, maior rede de pet shops do país, tornou-se líder de vendas em diversas categorias, com entrega de rentabilidade superior a outras marcas. Isso mostra como a qualidade impacta diretamente os resultados das empresas”, conclui.
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