Como converter o estresse em alto desempenho empresarial? – Por: André Lit, CEO da Healthy Place Brasil

Como converter o estresse em alto desempenho empresarial? – Por: André Lit, CEO da Healthy Place Brasil

Com certeza você já sentiu o estresse e as emoções de um jogo que você gosta. Seja torcendo ou jogando, é uma mistura de emoções e sentimentos que perduram durante a partida. E em função dos resultados, pode ser uma vitória que te deixa feliz ou uma derrota que te frustra, mas isso não impede você de querer viver essas sensações novamente, pelo contrário, esse é um dos nossos lazeres.

Nós, humanos, nascemos com o objetivo de ganhar os jogos que escolhemos em nossas vidas. E para que isso aconteça, precisamos treinar, nos motivar, ter persistência, saber onde somos bons e usar nossas competências para atingir os nossos desejos. Só de escrever este parágrafo já fiquei estressado…

O estresse não é bom nem ruim. É o mecanismo humano, criado há milhares de anos, usado para nos defender e para lutar por nossos objetivos. O problema não está no estresse, mas na sua dosagem e sua intensidade. Um estudo realizado em 1908 pelos cientistas Yerkes e Dodson definiu uma relação entre o estresse e o desempenho. Descobriram que existe uma correlação positiva entre os dois até um determinado ponto, o pico de desempenho. A partir deste ponto, a relação se inverte: mais estresse reduz o desempenho. Esta redução de desempenho, no início, é lenta e imperceptível pela emoção do momento. Mas, gradativamente, acontece uma clara queda no desempenho.

Ao mesmo tempo, aprendemos a nos organizar para trabalhar em conjunto e alcançar um objetivo comum. Em geral, um grupo tem maior desempenho que o indivíduo. Esta é a base da existência das nossas empresas, com objetivos e metas, incentivos, divisões de atividades e mecanismos de relacionamento para buscar mercado, faturar pelos produtos e serviços oferecidos, e com um custo que alcance lucros sustentáveis.

Se as pessoas de uma organização sabem o que fazer, possuem competência para realizar suas atividades e recursos para que suas atividades sejam realizadas dentro de processos estruturados, o desempenho vem junto com a produtividade, custos competitivos e resultados são alcançados. Quando essa dinâmica está em fluxo, tudo funciona, as pessoas se motivam e se sentem realizadas, o estresse é parte do desafio.

Esta dinâmica geralmente não para aí. Os resultados alcançados nunca são suficientes e novos objetivos são definidos, buscando novo crescimento e resultados financeiros. Vivemos nas últimas décadas o paradigma de crescimento, vindo junto do crescimento populacional e dos mercados. E buscamos esse crescimento fazendo o que já deu certo: mesmos processos, recursos, sistemas e pessoas – até alcançar o pico do desempenho identificado por Yerkes e Dobson.

A parte complexa deste pico de desempenho é que ele não é claro. Parte da organização consegue aumentar os seus resultados, mas outras partes não conseguem seguir plenamente este crescimento, já que pequenos problemas novos aparecem. Neste momento, parece que não chegamos ao pico, mas na realidade a curva estresse x desempenho começa a se inverter lentamente e o balanço nos processos deixa de ser um fluxo.

O objetivo inicialmente traçado permanece. Mais pressão é adicionada pela liderança e reuniões de análise com cobrança são realizadas. Um misto de motivação e frustração acontece até chegar a um ponto onde os sinais fracos passam a se manifestar mais claramente. Faltam dias no mês e horas nos dias para fazer tudo o que precisa ser feito. O esforço acontece, as pessoas querem alcançar o resultado, mas este cada vez parece mais distante e difícil, quando a culpa passa a ser da competição.

Decepções aparecem, as relações são prejudicadas, as tensões aumentam, as pessoas passam a reclamar mais. Como reflexo, começam as noites maldormidas, a falta de energia necessária para enfrentar os desafios diários, aumentam as dispensas por doenças, o jardim do vizinho é mais bonito (turnover) e os objetivos não alcançados se ampliam. Fica uma impressão geral de ter perdido o tecido organizacional.

O estresse positivo passa a ser negativo. Momentos de estresse passam a ser constantes e em altos volumes. As pessoas passam a não pensar direito, saem fazendo suas atividades do seu jeito. O urgente toma conta do importante e um freio de arrumação é necessário. Seria interessante que este freio acontecesse antes de chegar a este limite, sendo que aqui a liderança da organização tem papel preponderante, sentindo o quanto pode pressionar ou não os seus colaboradores.

Esta não é uma ciência exata. Envolve os limites físicos, mentais e emocionais de pessoas e de suas relações, coisas invisíveis. As pesquisas de saúde e bem-estar, como as realizadas pela Healthy Place, ajudam muito a entender o momento desta organização. Constituem uma ação estratégica para manter o alto desempenho sustentável e saudável, identificando onde os sinais fracos estão aparecendo e balizando ações para ajustar o ambiente de trabalho, apoiando as pessoas e, em especial, seus líderes, que precisam estar bem para lidar com esse estresse.

Três pontos são críticos para voltar ao alto desempenho: ter as prioridades alinhadas com o foco do negócio, a sua essência, o seu propósito; simplificar os processos, cortar atividades, rever a forma que as atividades são desenvolvidas; e ter a disciplina para implantar esse freio de arrumação com a participação de toda a organização.

Uma estratégia é ter um objetivo focal de impacto no cliente, que demanda o apoio de toda a empresa, relativamente fácil de ser mensurado e de entendimento de todos. Um exemplo são os atrasos das viagens aéreas. Quando acontecem, os clientes, especialmente os brasileiros, fazem piadas. E quando as viagens passam a estar no horário, geridas de forma clara, a autoestima da organização cresce, o mesmo ocorre com os seus resultados e, gradativamente, novos ajustes podem ser alcançados.

A nossa vida é cheia de desafios pessoais e profissionais. O mundo atual está ajudando a complicar muito este ambiente. Um ponto crítico é começar com você mesmo. Cuide da sua saúde física, já que nosso corpo reage rapidamente a qualquer cuidado que você tenha consigo mesmo, com rotinas e hábitos saudáveis. As saúdes mental e emocional são relevantes, você é um organismo inteiro, não é só um foco que resolve o que precisa. E não despreze as suas saúdes social e espiritual.

Isso irá te fortalecer para estar melhor preparado para os seus desafios e sua saúde mental virá junto, especialmente se você estiver se dedicando a algo que está alinhado com seus valores e com seu propósito pessoal. E será melhor ainda se você estiver trabalhando junto com pessoas que colaboram entre si para criar uma organização saudável com indivíduos saudáveis.

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