A luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho continua: por que ainda há muito a ser feito

A luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho continua: por que ainda há muito a ser feito

Em 2022, pouco mais de 30% das pessoas contratadas para cargos C-level eram mulheres

De acordo com levantamento realizado pela EXEC, consultoria especializada em Executive Search, a média de contratações de mulheres para cargos de liderança em 2022 foi de 32% contra 68% de homens para cargos com as mesmas características. Se, por um lado, os números ainda estão longe de serem equilibrados, por outro, o caminho para a equidade de gêneros nas empresas vem sendo pavimentado com ações bem mais estruturadas e eficientes do que no passado.

“Atualmente, as empresas estão fazendo um trabalho bastante forte, principalmente as grandes empresas e multinacionais. Muito por conta de uma pressão global onde países mais avançados em temas de Diversidade e Inclusão acabam desdobrando as ações aqui no Brasil. Consequentemente, outras empresas brasileiras também têm feito um caminho interessante em direção à equidade de gênero”, avalia Mariana Villalva, sócia de Leadership Advisory e atual líder de Diversidade, Equidade e Inclusão da EXEC.

No Brasil, uma das empresas que vem se destacando nessa jornada bem-sucedida rumo à igualdade de gênero é a seguradora francesa BNP Paribas Cardif, que atua em um mercado com maior prevalência de homens. No Brasil é liderada pela paulista Sheynna Hakim, a primeira mulher CEO no comando da empresa no país.

Mas os números positivos relacionados à presença de mulheres vão além: 53% dos colaboradores no Brasil são do sexo feminino; se tratando dos cargos de liderança, 45% são ocupados por mulheres. Mas, para chegar a esse patamar, a cultura organizacional da companhia vem passando por constantes transformações, implementando ações bem estruturadas com foco em oferecer oportunidades para as mulheres.

“Com relação à questão da remuneração, apesar da lei exigir salários iguais entre os gêneros, ainda é muito difícil falar em equidade de salários no mercado como um todo. O nosso compromisso é cada vez mais catequizar o mercado de que as remunerações têm que ser iguais, independente do gênero”, informa Mariana.

Igualdade entre os gêneros ainda demora

Os últimos cálculos feitos pelo Fórum Econômico Mundial apontam que serão necessários 136 anos para o mundo alcançar a equidade de gênero no mercado de trabalho, o que sinaliza a necessidade de reforçar cada vez mais os debates sobre o assunto, a representatividade, passando esse tema para as próximas gerações.

Segundo a executiva da EXEC, empresas com salários mais compatíveis têm mais facilidade de ter uma cultura mais inclusiva, o que promove mais bem-estar aos colaboradores, abre espaço para que novos talentos se insiram na companhia e gera maiores resultados.

Mobilização da sociedade

Fundadora do Aladas, movimento voltado ao incentivo à liderança feminina, Daniela Graicar acredita que é preciso enfatizar o papel da sociedade como um todo para que de fato a realidade mude.

“Ter mais lideranças femininas dentro das empresas é um desafio que precisamos vencer todos os dias. Quando queremos aumentar esse número dentro de uma organização, quanto mais mulheres tivermos, mais mostramos que o caminho é real. Por isso, é fundamental adotarmos mais flexibilidade nas jornadas e entender que as mulheres têm esse acúmulo de funções. Isso tem favorecido com que elas permaneçam nas grandes organizações e almeja alçar voos maiores dentro das companhias”, diz.

“Falar sobre o assunto e trazer mais visibilidade é uma maneira de reconhecermos que é necessário diversificar os pontos de vista no ambiente de trabalho, além de apoiarmos cada vez mais a quebra de obstáculos dessa trajetória. O caminho ainda é longo, mas estimular a conversa nos ambientes corporativos e fora deles é essencial nessa busca constante para equilibrar essa balança”, conclui.

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