G20 pelo impacto: Brasil avança na liderança por uma economia do bem-estar e sustentável
Com o apoio de uma coalizão global, o Brasil se une a esforços para direcionar crescimento econômico e regeneração ambiental, destacando a importância de um novo índice de bem-estar e modelos de desenvolvimento mais inclusivos na cúpula do G20 de 2024
A economia global está em um momento decisivo, onde o crescimento econômico sustentável e o bem-estar social passam a integrar as prioridades de governos e instituições ao redor do mundo. Seguindo essa direção, o Brasil discutiu, no fim de outubro, sua possível participação na Wellbeing Economy Governments (WEGo), uma iniciativa internacional que reúne países como Canadá, Finlândia, Islândia, Nova Zelândia, Escócia e País de Gales para promover uma “economia do bem-estar”. ” A abordagem busca alinhar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental e inclusão social, redefinindo o sucesso econômico em termos de florestas compartilhadas.
Durante a reunião da Comissão de Assuntos Econômicos do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), conhecido como “Conselhão”, o Brasil debateu a possibilidade de adotar o Índice de Bem-Estar Interno Bruto. Esse indicador seria um passo importante para alinhar políticas públicas com metas de desenvolvimento humano e ambiental, refletindo uma abordagem mais holística. “Somos o que medimos, e o Bem-Estar Interno Bruto é fundamental para harmonizar o crescimento econômico com a preservação do planeta”, comentou Marcel Fukayama, coordenador da Comissão e da coalizão G20 pelo Impacto.
O foco exclusivo no lucro está sendo substituído por um modelo que prioriza a prosperidade, o bem-estar social e a sustentabilidade ambiental. Fukayama reforça que uma “nova economia” deve ver o lucro como um meio para alcançar as prosperidades compartilhadas e a regeneração ambiental. O G20 pelo Impacto, uma coalizão de 50 organizações nacionais e internacionais, está engajado em pressionar a discussão sobre um modelo econômico inclusivo e regenerativo na cúpula do G20, que acontece em novembro no Rio de Janeiro. “O G20 pelo Impacto é uma força pragmática, oferecendo recomendações robustas para que as decisões dos líderes globais garantam uma transição econômica justa e sustentável”, explica Fukayama. Entre as propostas da coalizão estão a criação de um Fundo Catalítico Blended Rotativo Global, focado em financiar projetos de descarbonização e soluções naturais, além de compensar os indicadores de sucesso econômico para melhor refletir qualidade de vida e sustentabilidade.
No Brasil, esse movimento ganha força através de políticas públicas inovadoras, como a ENIMPACTO, a política de Neoindustrialização e o Pacto pela Transformação Ecológica, que reafirmam o compromisso do país com um desenvolvimento mais inclusivo e regenerativo. Essas iniciativas demonstram que é possível promover o crescimento econômico sem sacrificar o meio ambiente ou agravar desigualdades sociais, colocando o Brasil em destaque no cenário global.
Marcel destaca que estamos vivendo uma transição para uma economia que não vê mais o lucro como o fim em si, mas como um meio para alcançar objetivos maiores, como a prosperidade compartilhada e a regeneração ambiental. “A nova economia harmoniza o sucesso financeiro com a dignidade humana e a saúde planetária”, afirma Fukayama. Para ele, essa transformação é tanto urgente quanto inevitável, pois os modelos econômicos atuais já não conseguem responder de forma eficaz às crises globais.
Essa transição para uma nova economia sustentável não se limita ao Brasil. Com uma dimensão global, a iniciativa G20 pelo Impacto, uma coalizão de 50 organizações, trabalha para influenciar também as discussões na edição 2025 do G20, que acontecerá na África do Sul A coalizão, liderada por Fukayama, busca alinhar os compromissos globais com um modelo econômico inclusivo e regenerativo.
“O G20 pelo Impacto se destaca por ser uma força coordenada e pragmática, oferecendo recomendações robustas para que as decisões dos líderes globais garantam uma transição econômica justa e sustentável”, explica Fukayama. Entre as propostas estratégicas já apresentadas, estão o desbloqueio de capital privado, a mudança nos modelos e índices econômicos, e a criação de um ambiente regulatório favorável à economia de impacto.
O documento robusto elaborado pelo G20 pelo Impacto com recomendações para os grupos de trabalho e para a cúpula dos líderes do G20 reúne propostas pensadas por dezenas de especialistas das organizações que compõem a coalizão. Recentemente, eles entregaram uma carta de recomendações ao sherpa da presidência do G20 no Brasil, o embaixador Mauricio Lyrio. Com olho em uma discussão mais perene, a coalizão também entregou uma carta para a presidência do G20 na África do Sul, que ocorrerá em 2025.
Repensando os índices econômicos tradicionais
A nova economia representa uma mudança profunda nos métodos de avaliação do sucesso econômico. O Produto Interno Bruto (PIB), há décadas utilizado como principal indicador de crescimento, já não reflete adequadamente fatores como desigualdade social, degradação ambiental e qualidade de vida. Alternativas mais holísticas, que mensuram felicidade, bem-estar e sustentabilidade, são cruciais para a construção de uma economia que ofereça condições dignas para todos em um planeta saudável. O Pacto pela Transformação Ecológica, é um outro exemplo que envolve o setor público e privado em iniciativas para uma transição justa para uma economia de baixo carbono. “O Pacto é um avanço necessário para garantir que o crescimento econômico ocorra dentro dos limites ecológicos do planeta, sem deixar para trás as comunidades mais vulneráveis”, reforça Fukayama.
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