Saúde organizacional: por onde começar? Por André Lit, CEO da Healthy Place Brasil

Saúde organizacional: por onde começar? Por André Lit, CEO da Healthy Place Brasil

Recentemente, tornou-se evidente a crescente importância de manter uma organização saudável, com colaboradores igualmente saudáveis. Por um lado, você pode fazer parte de uma organização que valoriza o bem-estar de seus colaboradores, tornando toda essa conversa um aprendizado valioso. Mas, por outro lado, se você faz parte de uma organização que não prioriza essas questões, talvez esteja se perguntando: “Em que estágio minha organização se encontra?”

No livro Organizações Saudáveis – Crie Empresas e Colaboradores de Alto Desempenho, recentemente lançado no Brasil, John Ryan e Michael Burchell exploram esse tema com vários detalhes e exemplos muito ricos, que apresento resumidamente a seguir.

A mudança que está ocorrendo globalmente não é apenas evolutiva. É uma transformação estratégica que reavalia o papel das pessoas no desenvolvimento dos negócios. Cada pessoa é uma fonte de criatividade e produtividade que, aliada ao seu bem-estar, impulsiona negócios de alto desempenho de forma sustentável.

Isso será ainda mais verdadeiro à medida que mais automações de processos forem implantadas, utilizando a inteligência artificial nas decisões mais simples e permitindo que nós, os seres humanos, tenhamos foco nos diferentes níveis de relacionamentos e atividades de maior valor.

Essa transformação estratégica reforça o papel da liderança empresarial, colocando-a como responsável direta pelo bem-estar dos colaboradores, tradicionalmente uma função do RH, uma função que tem crescido para assumir novos papéis e desafios, inclusive adotando novas denominações, buscando transmitir que as pessoas são muito mais importantes do que simplesmente recursos.

O tema “Saúde e o Bem-estar” está passando a ser um dos pilares estratégicos do negócio, e esta revisão estratégica está trazendo maiores investimentos nesta área dentro dos orçamentos empresariais, refletindo os projetos e planos de ação para atingir objetivos, metas e utilizando-se indicadores de desempenho.

Indicadores em Saúde e Bem-estar? Sim, e não apenas os convencionais, como rotatividade, assiduidade, acidentes de trabalho e horas extras, mas também aqueles que monitoram o bem-estar dos colaboradores, tanto físico quanto mental.

Aqui, muitas organizações ainda tratam este tema de forma superficial, focando mais em “clima organizacional” e “relacionamentos” do que na saúde e bem-estar propriamente ditos. Chega-se rapidamente à insatisfação dos colaboradores, manifestando preocupação com o balanço entre sua vida pessoal e profissional, e que estão estressados. Mas termina por aí, olha-se a ponta do iceberg, não se sabe o que fazer.

Esses indicadores devem ser segmentados por demografia e estrutura organizacional, incluindo nível e área da empresa, gênero, faixa etária, tempo de serviço, condições de saúde, oportunidades de trabalho voluntário, saúde financeira e carga de trabalho. Esta abordagem permite identificar como diferentes agrupamentos dentro da organização estão se sentindo e onde podem melhorar.

Uma vez realizado o levantamento com foco no bem-estar, utiliza-se as informações e o benchmark internacional para elaborar um claro planejamento de ações e a sua implantação. Os colaboradores percebem e reconhecem o compromisso real da empresa com seu bem-estar, aumentando seu compromisso e engajamento no desenvolvimento dos processos e na busca por resultados. Áreas que manifestam estar com energia podem gerar mais resultados se tiverem apoio e áreas que precisam de maior atenção são apoiadas, deixando de ser gargalos dos processos.

Dois exemplos práticos ilustram essa abordagem: na Boyum IT, após identificar os pontos mais críticos, percebeu-se que os gerentes estavam particularmente estressados e desmotivados, com um claro impacto em toda a organização. Um programa específico foi desenvolvido para abordar as questões críticas, mergulhando nas causas e trabalhando soluções concretas, trazendo benefícios para as pessoas e para a organização.

Na British Telecom, esta abordagem foi implantada desde o início com sucesso, mas o principal aprendizado foi compreender que esta estratégia não é algo momentâneo. É um compromisso com a sua evolução. Como consequência, esta empresa já foi certificada por cinco anos seguidos com claros resultados nos negócios. E, como diz o próprio CEO, isso só aconteceu porque eles levaram a saúde organizacional a sério.

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