Mulheres no empreendedorismo e seus impactos socioeconômicos
Análise de desafios e perspectivas para a equidade no ecossistema empreendedor
O empreendedorismo feminino transcende tendências e é um dos pilares para a transformação socioeconômica. A crescente presença feminina no universo empresarial, abrangendo desde posições operacionais até cargos de alta liderança, impulsiona não somente o crescimento econômico, mas também promove o progresso social.
O dia 19 de novembro, celebrado internacionalmente como o Dia do Empreendedorismo Feminino, reforça a importância do reconhecimento global das conquistas e dos desafios enfrentados pelas mulheres no mundo dos negócios. A data, estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2014 e adotada por diversos países, simboliza o compromisso internacional com a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento econômico das mulheres. No Brasil, a instituição da Semana Nacional do Empreendedorismo Feminino (Lei nº 14.667/2023), corrobora o compromisso e consolida a agenda nacional de apoio e incentivo à participação feminina no mercado, em sua segunda edição.
A capacidade de inovação, a resiliência diante de desafios e a visão estratégica, características frequentemente observadas em mulheres empreendedoras, contribuem para a construção de um ecossistema de negócios mais dinâmico e sustentável a longo prazo. As empreendedoras demonstram uma notável capacidade de adaptação e superação de obstáculos, utilizando a criatividade e o planejamento estratégico como ferramentas para impulsionar seus negócios.
O aumento da presença feminina em cargos de liderança, como diretoria executiva, CEO e conselhos administrativos, demonstra a crescente importância da diversidade de gênero nas empresas. Essa presença contribui para uma gestão mais estratégica, focada em resultados a longo prazo, e impulsiona a inovação. Estudos demonstram que empresas com maior diversidade de gênero tendem a apresentar resultados financeiros mais robustos.
O impacto da liderança feminina se estende para além dos resultados financeiros, abrangendo a governança corporativa, a cultura organizacional e a sustentabilidade. Empresas lideradas por mulheres demonstram maior compromisso com a responsabilidade social e ambiental, promovendo um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo. Essa atmosfera, por sua vez, impulsiona positivamente a produtividade, a inovação e a satisfação dos colaboradores, promovendo um mercado de trabalho mais justo e dinâmico, gerando benefícios à sociedade e às empresas em que estão inseridas.
O sucesso das mulheres em seus empreendimentos desempenha um papel vital na desconstrução de estereótipos de gênero e no empoderamento de outras mulheres. Ao romperem barreiras e conquistarem espaços tradicionalmente dominados por homens, elas inspiram outras, da mesma ou de novas gerações, a buscar autonomia financeira, realização profissional e liderança, consolidando os pilares da independência e da equidade de gênero, incentivando a transformação da realidade social.
Todavia, apesar dos avanços conquistados, as mulheres empreendedoras ainda se deparam com desafios significativos em sua trajetória. Vieses inconscientes, dificuldades de acesso a financiamento e investimentos, menor representatividade em redes de networking e a múltipla jornada de trabalho, que impõe uma sobrecarga de responsabilidades, em especial quando falamos sobre mulheres que são mães solo ou atípicas, são algumas das barreiras que precisam ser superadas.
Investir em educação empreendedora desde a infância, com foco no desenvolvimento de habilidades de liderança, gestão financeira, negociação e inovação, é imperativo ao empoderamento das meninas e para a formação de futuras líderes. A participação em programas de mentoria, o acesso a redes de apoio e o incentivo à formação continuada são fatores que contribuem para o fortalecimento do empreendedorismo feminino e para o desenvolvimento de negócios que resistam a longo prazo.
A implementação de políticas públicas e práticas corporativas que promovam a igualdade de oportunidades é igualmente relevante. O acesso facilitado a crédito e linhas de financiamento específicas para mulheres empreendedoras, a criação de programas de capacitação e o incentivo à diversidade de gênero em cargos de liderança são medidas que podem impulsionar o empreendedorismo feminino e contribuir, de forma concreta, para o crescimento econômico.
Em suma, o protagonismo feminino no cenário empresarial tem potencial para impulsionar a riqueza, a inovação e um futuro mais próspero e inclusivo a todos. Para concretizar esse potencial, um ecossistema de apoio ao empreendedorismo feminino é fundamental. Entenda que isto exige a colaboração entre governo, setor privado, instituições de ensino e sociedade civil, visando um ambiente de negócios justo e inclusivo que promova o desenvolvimento de empreendimentos liderados por mulheres, impulsionando assim a transformação social e o crescimento econômico sustentável.
Sobre Fran Muraca
Francisca Muraca é doutoranda em Ciências da Saúde na Universidade Federal de São Paulo – DDI- EPM/ UNIFESP. Além de ser advogada e contabilista, ela é apresentadora do Programa Em Frente as Feras na TV Aberta e mentora de negócios na área da saúde. Muraca também ocupa o cargo de head jurídica na Pront – Plataforma de Saúde Integrativa, diretora jurídica na MEDCONTCONSULTORIA e é fundadora da M2S Conectividade. Com experiência em Direito Médico e da Saúde, sua atuação abrange planejamento empresarial, tributário, previdenciário, direito internacional, direito médico e empreendedorismo social. Ela é conselheira fiscal na UNACCAM (União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama), além de Diretora Administrativa no Instituto Mães Brasil e Vice Presidente no Instituto Quais de Mim Você Procura.
Fran Muraca atua como advogada dativa do Conselho Regional de Medicina de São Paulo Também é embaixadora na Divine Academie Francesa de Letras e no Clube de Mulheres de Negócios de Portugal. Instagram: @franmuracaoficial
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