O exercício de reconectar é a prioridade do RH em 2023 – Por: Elizabeth Rodrigues é executiva de Gente e Gestão da Vedacit. Líder de Recursos Humanos há mais de 10 anos, possui vasta experiência em projetos de desenvolvimento organizacional, cultura e transformação.

O exercício de reconectar é a prioridade do RH em 2023 – Por: Elizabeth Rodrigues é executiva de Gente e Gestão da Vedacit. Líder de Recursos Humanos há mais de 10 anos, possui vasta experiência em projetos de desenvolvimento organizacional, cultura e transformação.

Restabelecer conexões é o grande desafio de 2023. Alguns falam de recessão, outros falam de crescimento. Inflação, crise política, busca por eficiência, o contexto de 2023 se mostra bastante complexo. Independente do cenário, tudo passa por pessoas, pessoas preparadas e altamente conectadas, que trarão as capacidades necessárias para os desafios do próximo ciclo.

Sabemos que os benefícios do home office e do trabalho híbrido são indiscutíveis, mas o impacto na cultura das empresas nos faz pensar com urgência sobre a necessidade de transformar as relações entre colaboradores e gestores, assim como as formas de conexão até então predominantes. São diversos aspectos envolvidos: nunca tantas gerações, regionalidades e “diversidades” conviveram juntas no ambiente corporativo. Todos juntos e, ao mesmo tempo distantes, que precisam estar em sintonia com o propósito e engajados com os objetivos da empresa.

Os últimos três anos, marcados por pandemia, grande evasão, demissão silenciosa etc., vieram para confirmar e fortalecer a importância das relações e dos aspectos humanos do trabalho. A pesquisa da McKinsey feita durante a “Grande Evasão”, mostra que as empresas tiveram dificuldades para entender os verdadeiros motivos dos colaboradores pedirem demissão. O resultado foi uma série de ações desconexas do que eles procuravam. O estudo mostra que enquanto as companhias investiram em salários, benefícios e vantagens financeiras, os três principais fatores citados pelos funcionários como motivos para se desligarem do emprego foram: não se sentirem valorizados pela organização (54%), pelos gerentes (52%) e a falta de pertencimento (51%). Os dados confirmam que os colaboradores procuram um senso de propósito, que as conexões sociais e interpessoais com os colegas e gestores são extremamente valiosas na relação indivíduo com a empresa.

Outra pesquisa, esta realizada pela consultoria Gartner com mais de 800 líderes de RH, confirma que entre as principais prioridades para o setor em 2023, estão: experiência do colaborador, desenvolvimento da liderança e gerenciamento de mudanças. Todas têm em comum como o bem-estar e cuidado das pessoas é fundamental para o crescimento sustentável do negócio.

Atração e retenção de talentos sempre foi, e acredito que por muito tempo ainda será, uma das grandes prioridades da área de Gente. Para recrutar e manter talentos é preciso construir e comunicar uma experiência positiva na companhia, o que tem relação direta com o posicionamento dos gestores e no futuro projetados pela companhia. A atração e retenção de talentos também está ligada diretamente à conexão cultural, assim como ao negócio. Ter consciência sobre as instabilidades do mercado e adaptar a jornada internamente é bem importante. Gestores melhor preparados para cenários ambíguos e complexos farão toda a diferença nos próximos anos.

Falamos muito sobre marca empregadora e, aqui, vale a necessidade de conectá-la cada vez mais ao público interno. Quanto mais estiver representada pelos embaixadores internos, com a força de “quem está dentro”, será mais genuína e, consequentemente, mais atraente.

As conexões externas também são essenciais nessa trajetória: com o mercado, com a sustentabilidade, com a comunidade, cuidar de quem está fora, de tudo o que gira em torno da empresa. Colaboração é a palavra da vez. Com as novas formas de trabalho que estão emergindo, construir espaços colaborativos é indispensável, assim como sistemas colaborativos. Seguimos cuidando da cultura e aprendendo a adaptar-se aos trabalhos remoto e híbrido.

Com esses sistemas mais flexíveis, de difícil retrocesso, a disseminação da cultura da empresa e o engajamento à distância precisam de estratégias bem orquestradas pelo RH para que sejam efetivas. A liderança precisa estar atenta em como colocar em prática efetivamente uma gestão mais horizontalizada, incentivando o protagonismo e autonomia dos colaboradores. Escuta ativa e conexão verdadeira são palavras de ordem nesse cenário. A cultura deve estar sempre presente, independentemente do local de trabalho e isso pode e deve ser representado por meio dos comportamentos e relações que se estabelecem. O “espaço físico” não pode ser uma desculpa para que a cultura se perca, reconhecendo aqui a dificuldade em fazê-lo e a disciplina que isso exige. Novos símbolos e rituais devem emergir. Mais uma vez, vemos a necessidade de restabelecer conexões, em diferentes formatos.

Tive o privilégio de participar de um evento da Gartner cujo eixo principal foi o “mundo fragmentado”. Reconhecemos isso em nossas relações de trabalho e precisamos ajudar a reconectá-lo, juntar as peças, simplificar, significar. Essas instabilidades e mudanças constantes exigem uma resposta rápida do RH. Competências como gestão de mudança, transparência e comunicação serão cada vez mais requeridas. Já não resta mais dúvida de que a tecnologia veio para ficar e para tirar o melhor proveito dela precisamos estar constantemente requalificando as pessoas e pensando na melhor integração com a tecnologia.

Seja agora em 2023 ou daqui a alguns anos, a preocupação com a experiência das pessoas não é mais um diferencial e sim um princípio naquelas organizações que irão reter e atrair os melhores profissionais. Reforço: a área de Gente, assim como os líderes da organização, deve estar atenta às individualidades, ao potencial e à integralidade das pessoas, pois é este o caminho para restabelecer as conexões, seja por treinamentos, eventos, cuidado, rituais de cultura, dentre outros. É o exercício permanente do reconectar.

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