Brasileiro deixou a compra do mês e procurou por promoções, aponta pesquisa Kantar
Inflação e crise econômica fizeram brasileiro mudar os hábitos de consumo ao longo de 2022
Relatório Consumer Insights, da Kantar, apontou que a inflação, que diminui o poder de compra do consumidor, fez com que os brasileiros mudassem alguns hábitos de compras tidos como tradicionais.
A típica compra do mês, em que o consumidor ia ao ponto de venda para comprar tudo o que precisaria dentro de 30 dias, em média, deu lugar a diversas idas e a variação dos canais de compra.
Mudanças na rotina de alimentação também foram registradas.
Em 12 meses, terminados em setembro de 2022 em comparação ao mesmo período de 2021, o relatório da Kantar identificou aumento de 15% no valor despendido com bens de consumo massivo (alimentos, bebidas, artigos de limpeza do lar e itens de higiene e beleza pessoal) dentro lar e um decréscimo de 1,9% em unidades, com -11% de itens comprados por ida aos pontos de venda.
O brasileiro teve que racionalizar seus gastos com mais idas ao ponto de venda durante o ano, que se vê no aumento da frequência de visita do consumidor aos canais (+10% em relação a 2021), um novo movimento que se mostrou em ascensão em 2022 e deve seguir em alta.
“Ganho de penetração dos canais é reflexo de menor lealdade do consumidor, resultando numa maior mixidade. Neste contexto, é essencial estar presente nos diferentes canais que o consumidor está visitando e compondo sua cesta de compras para não perder nenhuma oportunidade de venda.”, explicou em nota à imprensa Gabriel Leibel, Gerente de Shopper da divisão Worldpanel da Kantar.
Inflação e gastos
A inflação levou as famílias a elevar os gastos em 80% em comparação com o período pré-pandemia em cestas como Commodities e Perecíveis, resultando em retração no consumo de cestas mais básicas. Itens como leite UHT, farinha de trigo, leite pasteurizado, iogurte, leite fermentado e petit suisse tiveram contribuição negativa para o cenário. Em contrapartida, salgadinhos, bolos prontos, cafés solúveis, chocolates, massas tradicionais, molhos e refrigerantes, empanados, linguiças, entre outros, de menor desembolso, contribuíram positivamente.
Hoje, cerca de 24% dos gastos do brasileiro com bens de consumo massivo são comprometidos com a cesta de perecíveis, e commodities representam 16%, ambas, 2 pontos percentuais acima do que eram no ano móvel anterior.
Em relação aos hábitos de consumo, a volta à rotina de trabalho e às atividades sociais fora do lar com o fim das restrições sociais impostas pela pandemia de Covid-19 levou a uma redução de 11,1% nas ocasiões de almoço em casa no período analisado, e as marmitas cresceram 12,3% no mesmo intervalo.
Lanches substituíram refeições completas. No 1º semestre de 2022, ocasiões de consumo com linguiça tiveram um aumento de +21%, seguido de hamburguer com incremento de +23% e salsicha com +27%, mostrando a tendência dessa troca. Isso mostra que para driblar a inflação, o consumidor vem fazendo escolhas para abastecer o lar e se alimentar de maneira que os gastos caibam em seu orçamento.
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