Camila Salek: um toque feminino na inovação do varejo
Considerado um mercado dominado por lideranças masculinas, a empreendedora se tornou referência quando o assunto é abrir novos caminhos baseados em design e experiência no varejo
O setor varejista no Brasil é considerado um dos mercados com maior presença de mulheres. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Grupo Mulheres do Varejo (MdV), aproximadamente metade dos profissionais do comércio são do sexo feminino. Porém, quando o assunto é liderança, apenas 16% delas ocupam essas cadeiras. O país coleciona nomes de peso nesse sentido, como Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, Sônia Hess, da Dudalina, entre outras. E no mundo, há nomes como Robyn Denholm, presidente da Tesla na Austrália, a empreendedora queniana Catherine Mahugu, fundadora da Soko, incluindo tantas outras.
No Brasil, uma outra mulher se destaca pela sua forte atuação e presença nesse ambiente, principalmente quando se fala em inovação: a paulistana Camila Salek, fundadora e diretora de Inovação da Vimer Retail Experience, agência especializada em soluções de inteligência para o varejo, incluindo campanhas de ativação, visual merchandising e store design.
Criada em 2006, a empresa nasceu da coragem, inquietação e determinação de Camila após ter atuado como executiva em multinacionais de moda e inovação em varejo. Aliás, foi na subsidiária de uma loja de departamentos holandesa com sede no Brasil que ela abriu pela primeira vez um departamento de visual merchandising e iniciou o processo de conectar marcas e pessoas através do varejo.
“Eu queria levar o que desenvolvi ao longo da minha carreira para um número cada vez maior de marcas que tinham interesse em desenvolver seu caminho e sua relação direta com seus consumidores”, diz Camila, sobre a sua principal motivação para virar empreendedora.
Após 17 anos nessa trilha, a Vimer coleciona mais de três mil projetos e muita evolução à custa de pesquisas, experimentações, viagens – a empresária já começou o ano pousando nos Estados Unidos, Londres e Alemanha e já tem mais seis destinos agendados até o fim do primeiro semestre para fazer imersões de consumo – além da participação em eventos para trazer as tendências que norteiam o mercado. “Aprendi desde cedo com o meu pai que a frase ‘não vai dar certo’ tem que estar fora do meu vocabulário. O ‘Vai lá e faz’ foi o que ele mais me ensinou, o que me trouxe bagagem para enfrentar a evolução não só da Vimer, mas do próprio varejo”.
Desaprender para aprender
Camila ingressou cedo no mercado de trabalho – aos 15 anos já estagiava e aos 17 entrou na faculdade de Publicidade e Propaganda praticamente ao mesmo tempo que começou a atuar com marketing digital para o varejo. Desde sua primeira batalha profissional, o setor sempre esteve presente. Mas a veia empreendedora ela trouxe de dentro de casa – seu pai foi dono de seu próprio negócio a vida toda. “A gente não aprende a virar dona da própria vida nos negócios dentro da escola”.
Para dar esse passo, Camila encontrou diversas dificuldades ao longo do caminho. “Eu tentava explicar para as marcas o que eu queria oferecer a elas, mas as empresas não conseguiam entender, pois não existia nenhuma oferta comparável naquele período. Mas eu decidi ir à luta. Desenvolvi um plano de negócios, baseado na crença do varejo como um espaço que poderia ir muito além do transacional e resolvi testar, multiplicando o que eu acreditava”.
Uma das grandes lições que ela aprendeu ao longo dessa caminhada foi a importância do processo de “desaprender para aprender de novo”. “Ao colocar esses projetos em prática, consegui desapegar de verdades que deram certo, mas que poderiam ser feitas utilizando outras fórmulas”, conta.
Contando histórias
Atuar em um mercado que vem evoluindo com o passar dos anos, mas ainda mantém sua característica transacional, é um dos grandes desafios de Camila à frente da Vimer. “Eu sempre acreditei na força da contação de histórias para oferecer uma jornada mais imersiva, experiencial e cheia de conexão entre as marcas e seus consumidores”.
Casada e mãe de duas adolescentes de 14 anos, Camila diz que um de seus passatempos preferidos durante as viagens é sentar em um restaurante e ver as pessoas andarem. “Gosto de observar o que elas estão falando ou fazendo. Comportamento de consumo reflete diretamente nos próximos passos do varejo”. O próximo destino com elas, em viagem de férias, será o Japão. “Vou realizar o sonho delas de conhecer um país no qual eu já estive seis vezes para conhecer o varejo e o estilo de consumo do público”.
Para Camila, é preciso dar atenção às urgências sem negligenciar movimentos emergentes, algo que é um dos pontos fortes do perfil feminino no ambiente profissional. “Ainda vamos caminhar muito longe. Esse avanço das mulheres em posições de liderança no varejo só está começando e traz uma grande contribuição para conseguirmos ampliar cada vez mais nossa voz e participação para construir a identidade de um número maior de marcas ao redor do mundo”, finaliza.
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