Sobre as declarações de Elon Musk
Para Dra. Patricia Peck, CEO, sócia-fundadora do Peck Advogados e advogada especializada em Direito Digital, Cybersegurança e Inteligência Artificial, “vivemos um grande paradigma: de um lado, temos o exercer a liberdade de expressão, mas é um exercício com responsabilidade, não é uma liberdade ilimitada, porque nós temos, inclusive no Brasil, com a Constituição Federal, pelo artigo 5º e inciso 4º, uma garantia de liberdade, mas que não seja anônima, ou seja, eu falo o que eu penso, eu respondo pelo que eu disse; e, por outro lado, uma sociedade tecnológica, algorítmica, em que há uma interdependência, tanto do Estado como da sociedade civil, das empresas de tecnologia que hoje detêm, sim, um grande poder econômico, porque tudo está em dados e todos esses dados, hoje, estão ali num ambiente cujas máquinas estão em poder dessas empresas”, afirma.
Ela acredita que, com a colaboração das big techs, das plataformas digitais, vai ser possível desenvolver uma sociedade digital, robótica, do hoje e do futuro, que seja ética, segura e sustentável. “Esses embates precisam alcançar uma solução. Por mais que haja a posição de um ou do outro, nós temos de pensar no bem da humanidade, no bem da coletividade, no bem maior, não é apenas o individualismo. Nós estamos cada vez mais interdependentes”, ressalta, acrescentado que a vontade de um pode significar o prejuízo de todos, quando pensamos que basta uma única pessoa para que contamine a todos, seja por um vírus de computador ou por um vírus de pandemia.
Neste contexto, Patricia destaca a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), das práticas de ESG, a importância de que empresários de lideranças da tecnologia devam ter uma preocupação de desenvolver tecnologia responsável. “Temos de parar de ter disputas de ego, de parecer que há um ou outro que tem razão para darmos razão àquele que traga a melhor solução para que possamos usar a tecnologia de forma pacífica e construtiva para o bem da humanidade.”
Para ela, este é o momento para repensar os papéis de todos os atores envolvidos para que possam gerenciar melhor os novos riscos digitais e os trazidos pela era da Inteligência Artificial pela era robótica. “Toda oportunidade traz riscos em si e alguns deles nós ainda nem vislumbramos. Vamos precisar tratar todas essas questões para deixar um legado para as futuras gerações, seja um legado positivo, uma sociedade que saiba utilizar com toda essa tecnologia.”
“Quando há excessos de concentração de mercado, de poder, é fundamental uma regulamentação. A saída é o Projeto de Lei que possa trazer uma participação responsável de todas as big techs e das empresas de tecnologia, porque todos os setores produtivos têm alguma responsabilidade no seu processo industrial. Foi assim desde a época do petróleo, das siderúrgicas, da eletricidade. Com toda certeza estamos vivenciando uma nova era: a da Internet, a corrida digital, agora a robótica e chegou a hora de bater na porta de algum nível de regulamentação para termos padrões mínimos a serem seguidos por todos”, finaliza.
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