Mercados e agregação de valor: Desafios para o agro brasileiro

Mercados e agregação de valor: Desafios para o agro brasileiro

Embora o Brasil desempenhe importante papel para a segurança alimentar mundial, respondendo por 10,3% da produção de commodities, O País tem pouca participação em outras cadeias produtivas, que representam mais de US$ 700 bilhões no comércio exterior do agro. Ou seja, mesmo apresentando forte presença nas exportações de soja, milho, carnes, açúcar, café e suco de laranja, o País necessita diversificar sua participação em outros mercados, com a produção de frutas, legumes, vegetais, alimentos processados, lácteos e pescados.

Este será um dos principais desafios para que o agro aumente o seu protagonismo no comércio global nos próximos anos, segundo análise de Marcos Jank, professor e coordenador do Centro INSPER de Agro Global. O professor participou de reunião do COSAG – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, presidido por Jacyr Costa Filho, na manhã de terça-feira (05/09).

O encontro contou com a participação de líderes do setor, do embaixador Guilherme Patriota, delegado permanente do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), e do ex-deputado federal e ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PDT-SP). Patriota participou do evento por videoconferência, diretamente de Genebra, na Suíça.

Na visão de Jank, o comércio agrícola continuará se expandindo nas economias emergentes do mundo: “O Brasil aumentará a sua presença nas commodities estratégicas que já exporta, passando os Estados Unidos na maior parte delas, mas diversificar e agregar valor, como tem sido feito em relação ao café, ainda é um desafio para o agro nacional”.

Para o presidente do COSAG, Jacyr Costa, os dados apresentados pelo professor sênior de agronegócio no INSPER trazem um alerta. “A reindustrialização do Brasil deve aproveitar uma das plataformas mais sustentáveis e pujantes de sua economia, que é o agronegócio”, afirma.

A sustentabilidade da produção agrícola nacional também foi objeto de análise na reunião do COSAG. O representante do País na OMC, Guilherme Patriota, enfatizou que uma das prioridades da missão brasileira em Genebra tem sido demonstrar a expansão da produtividade, principalmente de grãos no País, sem consequências relacionadas com o desmatamento.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) compilados pelo INSPER, considerando a soma de fatores como terra, trabalho rural e capital investido, nas duas últimas décadas a produtividade agrícola nacional tem crescido, em média, mais de 3,4% ao ano comparada com um crescimento mundial de 1%. Isto se deve à implementação do plantio direto e de sistemas como a Integração Lavoura Pecuária e Florestas (ILPF).

“Tais avanços atendem a uma preocupação nossa de mostrar o crescimento do agro brasileiro sem expansão significativa de área plantada”, avalia o embaixador do Brasil na OMC.

Outro tema sensível para o agro, o Marco Temporal para os Povos Indígenas, foi tratado no COSAG pelo ex-ministro Aldo Rebelo. O relator do Código Florestal Brasileiro na Câmara dos Deputados (2009-2010) viajou por quatro meses na Amazônia, visitando comunidades indígenas e ribeirinhas. Ele ressaltou que apesar de toda a riqueza em recursos naturais, a Amazônia é um dos piores lugares para se viver no Brasil.

A região possui indicadores sociais pífios, apresentando os maiores índices de mortalidade infantil, as maiores taxas de analfabetismo, de doenças infecciosas, o menor índice de fornecimento de serviços essenciais, como água tratada, luz elétrica e saneamento básico. Para ele, o ideal seria limitar a destinação dos recursos do Fundo Amazônia exclusivamente para órgãos públicos, como prefeituras, secretarias de estado, governo estadual e governo, com o objetivo de desenvolver e elevar o padrão de vida dos milhões de brasileiros que vivem na região.

Rebelo enfatizou que a consolidação de atividades econômicas na Amazônia é fundamental para elevar os índices de desenvolvimento econômico e social da região. Em sua visão, a Amazônia precisa da atenção dos brasileiros e que o país exerça sua soberania. Ele frisa que é possível usufruir das riquezas da Amazônia com responsabilidade ambiental e social, e é direito dos amazonenses ter melhores condições de vida, com desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental.

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