Cris Barulins relembra trajetória pessoal e profissional em entrevista
A cantora infantil que ganhou repercussão com vídeos no YouTube conta sobre sua carreira
Cris Barulins é uma das mais queridas cantoras infantis do Brasil. Conhecida por sua voz encantadora e presença cativante nos palcos, ela conquistou o coração de crianças e pais ao redor do país. Com canções educativas e divertidas, Cris se destaca por seu compromisso com o desenvolvimento infantil através da música. Sua carreira de sucesso inclui álbuns, shows e uma legião de fãs que cresce a cada dia.
- Olá, Cris! É um prazer tê-la conosco hoje. Para começar, conte-nos um pouco sobre como você iniciou sua carreira como cantora infantil.
Oi, queridos, o prazer é meu! Obrigada pela oportunidade. Vamos lá. Iniciei minha carreira como cantora infantil primeiramente conhecendo os repertórios. Trabalhei por mais ou menos quatro anos dando aulas de musicalização em creches públicas e particulares, e esse ambiente despertou uma paixão, uma descoberta em mim, uma vocação. Paralelo a esse trabalho eu tocava percussão e cantava em grupos, além de já fazer composições. Nesse cenário, participei de alguns projetos com o Palavra Cantada e já estava fazendo algumas festinhas infantis. A partir daí resolvi criar “minha própria marca”, em meados de 2017. Quando pisquei, já estava embarcada na carreira de cantora.
- Que história incrível! Quais foram os maiores desafios que você enfrentou no início da sua carreira?
Acho que um dos maiores desafios foi a questão da identidade. Não sabia ao certo se seria um projeto pessoal com meu nome ou um grupo infantil. Segundo foi gravar o primeiro álbum, pois eu não tinha nem muita experiência e nem muita grana, então fui agregando parceiros e fizemos de uma forma bem caseira. E não menor, o desafio de lançar o primeiro show, que foi o Planeta Peteca. Um nervosismo só! Pense no primeiro cenário, figurino, tudo que envolve um show, e que você está à frente disso. Fora isso, a incerteza do retorno financeiro. O primeiro show foi no Teatro Viradalata, um teatro de bilheteria, e não dava para saber se teria público. Mas foi um sucesso de público!
- E quais momentos você considera os mais especiais na sua carreira até agora?
São muitos momentos especiais. Eu começo pelo primeiro show em outro Estado. Foi em 2020, no meio da pandemia, fomos eu e o percussionista Claudinho Martins para Belo Horizonte. Sentir que o nosso trabalho estava levando a gente para um outro lugar foi maravilhoso.
Outra lembrança boa foi que eu participei do congresso de educação como palestrante no ano passado, o “Londrina Mais”. O tema da minha palestra era “Canções, brincadeiras e barulhinhos para a primeira infância”. Muitas educadoras levaram pandeiros e colheres e tocaram comigo – e a maioria já conhecia as músicas do meu repertório. São essas retribuições que elevam nossa auto-estima e dizem que a gente está no caminho certo.
Voltando um pouco, em 2018, eu gravei o meu segundo disco, o Planeta Peteca. Foi um projeto muito especial, produzido por mim ainda, mas com participações de músicos que eu admiro muito! E os arranjos foram mais ousados e criativos, com o belo time que se formou à minha volta.
Ainda, outro momento inesquecível foi quando a gente estreou o show do carnaval no Sesc Pompeia. Foi muito especial por ter sido neste espaço que é um símbolo cultural muito importante da nossa cidade, e isso marcou minha vida pessoal e profissional.
- Imagino que seja muito gratificante. Como você escolhe os temas das suas músicas?
Algumas músicas escolhi porque aprendi com a minha avó, como a ‘Enrola’ e ‘Piu Piu Piu’ – e também por serem bem aceitas pelos bebês e crianças. Há canções que aprendi com amigas e parceiras de trabalho, como ‘Tralalá’., ‘Dois Passarinhos’ e ‘Tatu Bolinha’. Outras canções conheci através da cultura popular, como ‘Tá Caído Fulô’ que veio das Congadas, ‘Marimbondo Sinhá’ e “Jacaré Poiô” que são do Cacuriá maranhense, e ‘Maré’ que é da capoeira. Fui escolhendo as músicas que poderiam ter interações e brincadeiras com as crianças.
Agora tem outras músicas que são composições próprias, por exemplo a música “Planeta Peteca”, eu compus para poder brincar com esse brinquedo nas aulas de musicalização.
- Falando em shows, como é a experiência de se apresentar para um público infantil?
Eu penso que ao se apresentar para o público infantil precisa ter uma dinâmica muito bem pensada. Não é só cantar e tocar, todo o espetáculo tem que ser muito bem ensaiado. Além disso, é preciso ter aquele feeling de palco, tem que ter jogo de cintura, e sentir a energia do público. Acho que o público infantil faz parte da banda. Com eles criamos aquela sinergia que transforma cada show em um espetáculo especial.
- Como você vê o papel da música no desenvolvimento infantil?
A música tem um papel fundamental no desenvolvimento infantil. Nas escolas, logo na primeira infância eu acho que a música faz parte como disciplina. Além da integração, da interação, a música atua no desenvolvimento cerebral e em vários sentidos e estímulos do corpo.
Já na questão de crianças especiais, como os pequenos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a música é um instrumento poderoso. As mães com filhos autistas percebem muita diferença com o estímulo da música.
O som transmite uma sensação de prazer e ao mesmo tempo desenvolve a coordenação motora. Então, trata-se de um instrumento muito importante de um conjunto de elementos, como de afeto, de emoção, de comunicação etc.
- Para finalizar, quais são os seus planos futuros? Algum novo projeto em andamento?
Tenho muitos planos futuros (risos). Quero circular mais em outras cidades, em outros estados com o show do ‘Pandeirodê’, que é o show mais recente, e com o ‘Planeta Peteca’, o mais antigo – que também é mais lúdico – e talvez gravar mais vídeos para o YouTube, para atender muitos pedidos de mães que amariam ver mais conteúdo.
Além da Cris Barulins, tenho o meu trabalho de música autoral com álbum lançado recentemente. O projeto Cris Bosch leva meu nome e nele eu canto para adultos, uma música MPB em casas de ambiente intimista.
Sobre a Cris Barulins:
Cris Barulins é cantora, compositora, percussionista e arte-educadora. Gravou em 2015 o seu primeiro disco “Mães e Bebês”, voltado para a primeira infância. Se tornou mãe em 2021 e, desde então, intercala os prazeres da música e da maternidade. Além do projeto infantil, trabalha no projeto Cris Bosch, com interpretações autorais voltadas à MPB. instagram.com/crisbarulins/
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