O cuidado com a saúde mental nas empresas vai aumentar – Por: Rui Brandão é vice-presidente de Saúde Mental da Conexa. Médico, com mais de dez anos de experiência na área de Saúde, tem MBA em Business and Management pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2016, fundou o Zenklub – hoje, uma empresa Conexa –, após sua mãe sofrer um burnout. Desta forma, percebeu que assim poderia ajudar pessoas em uma escala maior do que conseguiria ao atender em clínicas ou hospitais.

O cuidado com a saúde mental nas empresas vai aumentar – Por: Rui Brandão é vice-presidente de Saúde Mental da Conexa. Médico, com mais de dez anos de experiência na área de Saúde, tem MBA em Business and Management pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2016, fundou o Zenklub – hoje, uma empresa Conexa –, após sua mãe sofrer um burnout. Desta forma, percebeu que assim poderia ajudar pessoas em uma escala maior do que conseguiria ao atender em clínicas ou hospitais.

Cuidar da saúde mental dos colaboradores sempre foi necessário, mas, de uns tempos para cá, tornou-se essencial para a sustentabilidade dos negócios das empresas e para o bem-estar das pessoas que nelas trabalham. Mudanças legislativas têm pressionado as organizações a buscarem caminhos que levem ao equilíbrio da saúde da mente.

Uma das mais recentes e importantes é a Portaria 1.999, de 27 de novembro de 2023, que atualiza a lista de doenças do trabalho de 182 para 347. Ela põe o burnout e abuso de drogas, por exemplo, ao lado da ansiedade e depressão como enfermidades que podem ser adquiridas em ambiente corporativo.

Outro exemplo para incentivar boas práticas corporativas é a criação de estímulos para instituições que incentivam o zelo à saúde mental dos colaboradores, por meio da Lei n° 14.831, sancionada em março deste ano. Ela prevê a concessão do Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental às organizações que geram mais bem-estar a seus funcionários. O reconhecimento a quem implementa ações para este fim torna o ambiente de trabalho mais saudável. Além disso, é o primeiro passo para colocar em xeque empresários que não se importam com isso.

Apesar de o pontapé inicial para a disseminação desta cultura de cuidar da mente das pessoas ter sido dado pelo poder legislativo, a preocupação com a saúde dos colaboradores ainda não é tão evidenciada como política corporativa quanto poderia.

Por isso, é possível afirmar que o ambiente dentro das organizações é, nos dias de hoje, pouco saudável. Este fato pode ser comprovado por meio de pesquisa da Conexa, ecossistema digital de saúde integral, realizada com gestores e profissionais de recursos humanos de 767 empresas do País no segundo semestre de 2023. Das 1.589 pessoas que participaram do levantamento, 83% afirmaram ter ocorrido afastamento em sua corporação por doenças mentais dos colaboradores naquele ano.

Segundo estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), também em 2023, elaborado para identificar como as empresas cuidam da saúde mental dos funcionários, 54% dos entrevistados admitiram ter sofrido com transtorno mental e 63% disseram que não receberam apoio da liderança para lidar com a doença.

Apesar de o cuidado com a saúde da mente dos trabalhadores não ser uma política adotada pela maioria no mundo corporativo, há uma boa notícia para ser contada. Já dá para dizer que há algumas poucas organizações olhando para o futuro. Isso, além de ser um avanço, diz quem está à frente neste processo.

Até há pouco tempo, os RHs recebiam muitos atestados, pedidos de licenças ou afastamentos por problemas físicos, como ortopédicos, cardíacos e oncológicos. Atualmente, boa parte dos afastamentos é por transtornos mentais. E não é pouca coisa. Em 2023, foram 288.865, alta de 38%, conforme dados do Ministério da Previdência Social.

O que fazer com um colaborador que está afastado por depressão, por exemplo: entrar em contato, não entrar em contato? E na volta deste colaborador ao trabalho, como recebê-lo? Como tratá-lo? Ele poderá estar com receio de ser demitido após algum tempo?

O melhor caminho nessas situações é o RH atuar com transparência e respeito. Ao saber que um funcionário está ou será afastado, por exemplo, o ideal é combinar o que ele prefere que se faça: perguntar como ele gostaria que sejam feitos os contatos: receber ligações ou mensagens; verificar que tipo de ajuda ele precisa, como a empresa poderá ajudá-lo. Enfim, mostrar empatia e que a empresa se importa com ele.

As organizações passaram a pedir consultorias especializadas e orientações sobre programas de saúde mental para colaboradores, o que mostra preocupação genuína em relação ao assunto.

O processo de conscientização em relação à importância do bem-estar dos funcionários está em fase inicial. Mas esta cultura já começa a ser vista nas empresas. O avanço para a implementação de políticas que promovam a saúde mental no ambiente corporativo é necessário. Quem não se mexer agora, vai ficar para trás. O espaço será preenchido por empresas que querem cuidar de gente. Afinal, quem não prefere trabalhar em um ambiente saudável e agradável?

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