O Futuro do Trabalho: O pleno emprego é uma utopia – Por: Ernesto Haberkorn: Mais de 50 anos no mercado de tecnologia, Co-fundador TOTVS, Fundador do ERPFlex, Grupo NETAS, SPaventura Ecolodge, Espaço BE, Empresário e autor 14 livros sobre Gestão Empresarial com ERP.

O Futuro do Trabalho: O pleno emprego é uma utopia – Por: Ernesto Haberkorn: Mais de 50 anos no mercado de tecnologia, Co-fundador TOTVS, Fundador do ERPFlex, Grupo NETAS, SPaventura Ecolodge, Espaço BE, Empresário e autor 14 livros sobre Gestão Empresarial com ERP.

Muitas pessoas atribuem a frase “o melhor programa social é um emprego” ao ex-presidente dos EUA, Ronald Reagan. Se realmente foi dele esta frase não é a questão, mas sim que essa frase indica uma confiança de que haverá emprego para todos, algo que na prática nunca existiu e também não existirá. O pleno emprego é uma utopia, pelo simples fato de que as necessidades da sociedade como um todo mudam e por isso não há como planejar os empregos de acordo com as pessoas disponíveis.

Os empregos surgem de forma independente da quantidade de pessoas existentes e de suas aspirações. É claro que quando as mudanças ocorrem de forma lenta, é possível fazer um planejamento com grande chance de acerto. Ao verificar-se, por exemplo, que há uma demanda constante por engenheiros, então pode-se concluir que vale a pena cursar engenharia, pois é provável que haja vagas. De forma geral, a decisão por uma formação profissional tem de levar em conta a demanda do mercado de trabalho. Se as pessoas querem ter empregos, devem ter qualificação ou formação de acordo com o que os empregadores querem.

Vivemos, entretanto, em um mundo acelerado em constante mudança, no qual é muito difícil fazer previsões para longo prazo, incluindo as previsões sobre empregos disponíveis. Mas, entre as poucas certezas que temos, uma delas é que a oferta de vagas de emprego vem se reduzindo continuamente em todo o mundo. Há uma combinação de fatores que explica isso.

Um deles é a automação de tarefas produtivas, a qual se acelerou com o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e da robótica. O outro fator é a globalização: dependendo do tipo de trabalho, pode haver disputa por profissionais de vários lugares do mundo. Mesmo que o número de vagas de emprego em um local continue o mesmo, a concorrência aumenta. E às vezes nem é preciso migrar para concorrer a uma vaga, pois dependendo do trabalho, ele pode ser executado de forma remota.

Ao mesmo tempo, as legislações trabalhistas têm sofrido alterações, para tornar os contratos  de trabalho mais flexíveis para os empregadores. Com muitas lutas,  trabalhadores conquistaram diversos direitos e benefícios ao longo das primeiras revoluções industriais.

O contexto político da Guerra Fria, em seu período inicial, também ajudou a criar um estado de bem-estar social para uma parcela dos trabalhadores. Mas agora não há motivação para a manutenção de folhas de pagamento com benefícios sociais, uma vez que a concorrência tornou-se global e há uma pressão enorme por redução de custos. Assim, em uma primeira fase, trabalhadores com carteira assinada passaram a ser contratados como pessoas jurídicas, para reduzir os encargos trabalhistas. Simultaneamente, diversas atividades foram terceirizadas, para que parte dos trabalhadores não precisasse mais receber os benefícios dos diretamente contratados. Finalmente chegamos a um ponto em que existe regulação que permite até trabalho intermitente.

Esperar apenas por um emprego como possibilidade de trabalho que gere renda hoje é estar limitado a uma forma de trabalhar que está seriamente ameaçada, embora não deva desaparecer completamente. O emprego tende a se tornar uma relação trabalhista limitada a determinados cenários, como o serviço público, onde a estabilidade é uma forma de evitar interferências políticas. Mas deve-se considerar, desde a formação escolar, a possibilidade do empreendedorismo, seja individual ou coletivo, como alternativa de trabalho para geração de renda. Isso implica currículos escolares que preparem os alunos para isso e não somente para procurar um emprego.

Por fim,  este ano teremos eleição, de forma que políticas que contemplem este assunto com seriedade são de extrema importância e, ainda que utópico, “o melhor programa social é um emprego” para essa e para as futuras gerações.

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