Vencedor do Nobel em Economia, Daniel Kahneman revelou segredos ao investir

Vencedor do Nobel em Economia, Daniel Kahneman revelou segredos ao investir

Daniel Kahneman, vencedor do famoso Prêmio Nobel em Economia, morreu nesta quarta-feira (27), aos 90 anos. Psicólogo e economista, aliás, era um renomado especialista na área de economia comportamental. Mas ele mesmo questionava o rótulo ao afirmar que os chamados “experts” devem atender a regras básicas para serem confiáveis.

A primeira delas, e talvez a mais importante, era: “não confiarem em sua intuição”. Essa frase foi dita pelo próprio especialista a nós, da Inteligência Financeira, em outubro de 2023, ao ser questionado sobre como o investidor deve abordar o mercado “de forma inteligente”.

De acordo com Kahneman, a inteligência financeira era “muito bem explicada pela ciência de economia comportamental”. Ele listou uma série de regras e um estudo que mostrava o “ruído” entre especialistas em investimentos.

Nobel em Economia: ‘se você não consegue adivinhar, não tente’

Nós da Inteligência Financeira entrevistamos Daniel Kahneman durante o FebrabanTech 2023, principal feira de tecnologia do mercado financeiro. O psicólogo israelita-americano foi convidado para palestrar no evento.

Para Kahneman, portanto, ter inteligência financeira era um jogo de intuição. Ele afirmou que o investidor é esperto quando não confia em palpites “em um ambiente onde não há regras”, como o mercado.

“Acredito que existam algumas regras (para investir com inteligência). A mais importante delas é: não confie em sua própria intuição”, afirma Kahneman. Para especialista, a economia comportamental esclarece tão bem essas regras que “tira todo o mistério” de como investir com sagacidade.

A segunda regra de Daniel Kahneman para ter inteligência financeira era a seguinte: “se você sabe que não consegue adivinhar, então você não deve tentar. E isso fará bem a você”.

Existe um “ruído” no mercado financeiro, diz Kahneman

Em sua palestra, Kahneman discursou sobre o tópico de seu mais recente livro, lançado em 2021. A obra, entitulada “Noise, a Flaw in Human Judgement“, exemplifica sobre discordâncias, chamadas pelo autor de “ruídos”, entre especialistas no campo em que atuam.

Quando questionado pela reportagem como o livro estudou ruídos no mercado financeiro, Kahneman disse que há um grau de discordância entre especialistas em investimentos. “Alguns analistas (no estudo) deram um valor para um mesmo investimento. O grau de diferença nas respostas foi entre 40% a 50%”.

O percentual de discordância era semelhante quando Kahneman conduziu um estudo com juízes norte-americanos sobre diferentes sentenças para um mesmo caso. “Onde há julgamento humano, existe esse ruído. E ele pode levar a erros de análise”, diz.

Mas o Nobel em Economia era mais otimista sobre consertar os erros oriundos de ruídos. Ele explicou que, ao contrário de pessoas, empresas e organizações tendem a “higienizar decisões”, porque agem de forma mais metódica e lenta.

E voltou a criticar os “experts” do mercado: “não existem regras no mercado de ações. Qualquer um que tenha uma intuição sobre o mercado de está mentindo ou errado.”

O que Daniel Kahneman diz sobre Inteligência Artificial?

Se, por um lado, o psicólogo tinha uma visão positiva sobre o erro humano, por outro era mais pessimista ao abordar Inteligência Artificial.

O Nobel em Economia disse que a IA deve aumentar a precisão de diagnósticos e previu problemas com mais acurácia. Isso vale tanto para medicina quanto para o mercado financeiro, explicou.

“O que acontece: se tivermos a opção entre escolher um julgamento humano baseado em uma intuição e uma análise de uma IA, quem favorecer o humano terá uma performance pior”, afirmou em um auditório lotado de assessores, analistas e agentes do mercado financeiro.

Apesar do pessimismo com o futuro, Kahneman esclareceu que “humanos ainda devem tomar grandes decisões” nas décadas a seguir. “Por exemplo, grandes investimentos”.

Por fim, o Nobel em Economia explicou que seu campo de estudo pode dar pistas de como a humanidade pode conviver com a Inteligência Artificial: “a economia comportamental tem um papel importante de sugerir em como mudar nosso padrão de comportamento em finanças. Sobretudo, de como mudar o comportamento humano.”

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