Gastos com TI na América Latina vão superar crescimento do PIB em 2023, segundo a IDC
Os investimentos em infraestrutura de TI na América Latina vão superar o crescimento do PIB em 2023, de acordo com o estudo “IDC FutureScape: Latin America Predictions 2023”, da IDC Latin America, especializada em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de tecnologia da informação e telecomunicações.
O levantamento, que revela as principais expectativas da indústria de TI da América Latina para o próximo ano e suas implicações, mostra ainda que os desafios não serão apenas tecnológicos, mas humanos, já que existe uma necessidade de mudanças culturais para que se possa acreditar em um futuro automatizado e com mais formação e capacitação de talentos de TI para enfrentar os novos desafios empresariais.
Segundo Alejandro Floreán, vice-presidente de pesquisa e consultoria da IDC Latin America, apesar da taxa de crescimento do PIB esperada para a região ser de apenas 2,1%, o investimento em tecnologias com foco em negócios, como nuvem, redes, armazenamento e outros serviços profissionais, aumentará cerca de 12%. “Além disso, as tecnologias digitais emergentes, como inteligência artificial, machine learning, automação e robótica, devem crescer 69% até o ano que vem, o que representa 32 vezes mais do que a taxa de crescimento da economia latino-americana em recessão”, completa.
Na análise do executivo, 2% é uma taxa de crescimento baixa, considerando todo o potencial que a América Latina oferece. “Porém, a boa notícia é que os gastos corporativos com TI estão crescendo à margem do restante da economia. A única categoria de TI que vemos com um impacto negativo é o mercado de dispositivos, ou seja, PCs, smartphones e impressoras, e isso se deve à inflação.”
Previsões para 2023
Conectividade, segurança e computação
Até 2028, mais de 35% dos orçamentos de TI das 5 mil maiores empresas da América Latina irão para conectividade, segurança e computação. Os CIOs se concentrarão na governança e no gerenciamento de TI e criarão equipes de TI autônomas que podem identificar e resolver problemas rapidamente, ajudando na expansão dos negócios.
Investimento em tecnologia ‘tech by wire’
Até 2026, 40% da infraestrutura de TI adotará tecnologias tech by wire (tecnologia por fio), que agregam inteligência artificial e dados para a tomada de decisões corporativas. Apesar dos benefícios que a automação traz, o tech by wire será percebido como um desafio para os membros de equipes de TI que precisam desenvolver habilidades fundamentais para entregar o máximo valor a suas organizações.
Lacuna de capacitação em TI
A IDC prevê que até 2026, 70% das empresas não aproveitarão totalmente o valor agregado que a nuvem, os dados e a automação podem oferecer. Com o desafio de gerenciar cargas de trabalho cada vez mais complexas, as empresas precisarão trabalhar em estreita colaboração com os fornecedores de TI e seus departamentos de RH a fim de garantir que encontrem e treinem os talentos do setor de forma adequada.
Soberania de dados
Como as empresas armazenam seus dados em locais distintos ou com diferentes provedores de nuvem, elas enfrentam cada vez mais o desafio da soberania dos dados, em que os dados estão subordinados às leis e estruturas de governança do país onde foram coletados e não onde são armazenados.
Até 2026, essa soberania de dados levará os CIOs a mudarem equipes, orçamentos e processos operacionais em mais de 30% dos ativos de dados e TI.
As a Service
XaaS – Everything as a Service é um termo que se refere à entrega e gerenciamento de qualquer tecnologia (geralmente hardware ou software) como um serviço de nuvem por um provedor terceirizado, e uma alternativa ao seu fornecimento e instalação in loco.
O modelo de negócios de pagamentos por uso pode oferecer vantagens no que se refere a economia de custos, mas também pode dificultar a projeção de gastos e benefícios a longo prazo. Isso pode retardar a adoção de soluções interessantes às empresas, principalmente quando a solução cruza os espaços organizacionais. Sem considerar outros benefícios como inovação e eficiência operacional, a adoção de infraestrutura/software como serviço cairá para 40% em 2026.
Experiência incluída
O modelo como serviço também promete ajudar as empresas a preencherem sua escassez de vagas de TI, que deve chegar a 2,5 milhões na América Latina até 2026. Ao final de 2026, 30% das ofertas de aaS nas áreas de segurança e operações comerciais devem ter “experiência incluída”.
Contratempos na cadeia de suprimentos
Nem todos os atrasos no investimento em TI podem ser atribuídos à falta de formação ou conscientização sobre os benefícios que a tecnologia da informação pode oferecer. Os gargalos da cadeia de suprimentos, especialmente de silício, observados durante a pandemia, continuarão nos próximos anos.
Para 2027, 20 lançamentos de produtos digitais de alta visibilidade – que dependem de automação inteligente e entrega de aaS – enfrentarão atrasos significativos devido a esses problemas.
Modernização de TI
As empresas latino-americanas terão que agir rapidamente para modernizar sua infraestrutura de tecnologia para garantir que os dados possam ser compartilhados e não fiquem presos em silos ou servidores desconectados de outras partes da organização.
Até 2027, 25% das empresas que tentarem usar ofertas de tecnologia por fio ainda enfrentarão problemas com a proliferação de sistemas de controle isolados que aumentam os custos de conectividade e limitam o compartilhamento de dados.
Mudança cultural
As questões culturais também atuarão como um impedimento para a adoção de tecnologias mais recentes na região. Até 2027, cerca de 50% das 5 mil maiores organizações da América Latina experimentarão um crescimento mais lento devido à falta de confiança nas tecnologias digitais emergentes por parte dos líderes empresariais.
Visão artificial
Para 2028, as empresas de crescimento mais rápido na América Latina serão aquelas com capacidade de implementar e usar a visão artificial como um recurso inerente a qualquer novo produto ou processo.
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