Empreendedorismo Feminino: Cresce presença de mulheres no setor de Franquias
Cada vez mais, mulheres motivadas pelo desejo da independência financeira estão optando por abrir seu próprio negócio
De acordo com dados do Instituto Rede Mulher, o Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de empreendedorismo feminino. Com isso, o dia 8 de março ganha destaque como representante da trajetória das mulheres para atingir tal patamar, resultante de anos lutando contra a desigualdade de gênero e a marginalização política e econômica. O Dia Internacional Das Mulheres foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975 e marca o mês de março como simbólico para a marcha que ocorreu em 1908, quando 15 mil mulheres protestaram na cidade de Nova York por melhores condições salariais, redução das jornadas de trabalho e direito ao voto.
Ingressar no mercado de trabalho como empreendedora é sinônimo de enfrentar desafios, dado que, mesmo anos buscando condições justas e igualitárias, as mulheres ainda são submetidas a circunstâncias sexistas nesse cenário. Baixo faturamento, dupla jornada e o preconceito são alguns dos obstáculos, que implicam em consequências diretas no retorno financeiro – números da Rede Mulher Empreendedora revelam que 50% dos homens no país recebem valores superiores a R$10 mil reais, enquanto 63% das brasileiras empreendedoras possuem um retorno de até R$2.500 por mês.
Apesar do cenário díspar, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) constatou que, no quarto trimestre de 2021, a participação feminina na esfera dos negócios correspondia a 34%, com mulheres gerindo 10,1 milhões de empreendimentos no Brasil. A busca pela independência financeira, o almejo pela ascensão profissional e a realização pessoal e familiar são alguns dos fatores impulsionadores do aumento da presença de mulheres no empreendedorismo.
A pandemia da Covid-19, apesar de ter sido um período de dificuldades econômicas para alguns setores, se mostrou promissor para o sexo feminino. De acordo com pesquisas da Rede Mulher Empreendedora (RME), o desemprego e a falta de renda estimularam 26% das brasileiras a iniciar seu negócio, resultando em um percentual de 77% de mulheres que se autodenominam parcialmente ou totalmente independentes financeiramente.
Conheça a seguir histórias de mulheres que fazem jus a essa crescente presença feminina no mercado empreendedor, que a partir de uma decisão corajosa, atualmente alcançam faturamento milionário.
Empresária Desenvolve Rede de Franquias Inovadora no Segmento de Beleza Após Diagnóstico de Câncer
Fevereiro de 2013 – esse período marcou a vida de Michelle Wadhy, que foi diagnosticada com câncer no estômago após a realização de exames de rotina, e precisou retirar 100% de seu estômago. A empresária teve o que se chama de anel de sinete, grau 3, condição que a levou a sessões de quimioterapia. Após sua terceira sessão, Michelle recebeu o resultado de sua biópsia, revelando que estava curada.
Esse foi um momento de renascimento para a empreendedora, que logo seria proprietária de uma franqueadora com faturamento de R$70 milhões. Em 2018, junto a Marcia Queirós (sócia proprietária), surgiu a Fast Escova. O empreendimento tem como objetivo fazer com que as mulheres se sintam bem consigo mesmas, através de tratamentos que façam bom usufruto de seu tempo. Os serviços são realizados em até 40 minutos, sem a necessidade de agendamento com antecedência.
A franquia oferece opções de escova, make e tranças, executados por especialistas e disponibilizados por valores fixos e justos. O resultado dessa proposta foi um crescimento ascendente, que levou a marca a conquistar mais de 170 unidades, 114 inauguradas.
Jéssica Soares Ramalho: Conheça a Presença Feminina Por Trás da Maior Franqueadora de Cuidadores do Brasil
A fisioterapeuta Jéssica Soares Ramalho de Oliveira, 31, soube ainda pequena que sua paixão era a área da saúde. A cofundadora e Diretora de Operações (COO) do grupo Acuidar, aos seus 10 anos de idade, se deu conta que seu pai era idoso e tinha comorbidades, ficando responsável por cuidar dele. Jéssica o acompanhava em consultas e foi gradualmente se identificando com a ocupação.
Anos depois, a jovem optou por se graduar em Fisioterapia, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Motivada por sua afinidade com a área, junto a seu marido e atual Diretor Executivo (CEO) da Acuidar, Doutor Vitor Hugo de Oliveira, 36, ela abriu uma empresa de cuidados domiciliares. Durante esse período, Jéssica observou a necessidade de um tratamento humanizado aos pacientes: “Eu comecei a observar que aqueles idosos não tinham aquele cuidado que eu tinha pelo meu pai. Seus filhos precisavam sair para trabalhar e ter sua rotina, com seus próprios filhos, sua casa e sua vida, e os pais não tinham alguém que desse auxílio a eles. Foi aí que decidimos desenvolver uma marca que prestasse um cuidado de excelência em nossa cidade, aquele que eu ofereci a meu pai em minha infância”, conta a profissional.
Em 2016, o casal inaugurou a Acuidar, sediada em João Pessoa (PB). O sucesso foi crescente, levando a empresa a abertura de mais de 70 unidades presentes em 23 estados, oferecendo atendimento a adultos, crianças e idosos e atingindo o patamar de maior franqueadora de cuidadores do Brasil.
Empresária de 31 anos mostra a força feminina ao transformar problemas em solução
Há 4 anos, quando trabalhava como gerente em uma rede de alimentação, Julie Ane Guimarães percebeu o quanto os prestadores de serviços de entregas deixavam a desejar. “Comecei a fazer algumas exigências e acabei não tendo uma boa aceitação”, diz e complementa: “Os entregadores eram terceirizados e as minhas observações tiveram um efeito contrário, sofri com manifestações de machismo e agressões verbais”.
Com o objetivo principal de ofertar soluções até então carentes no mercado – rota otimizada, máquina de cartão integrada, economia de tempo e custos, a empresária criou, em 2019, a Neo Delivery, plataforma de entregas inteligentes que seguiria tudo aquilo que cobrava dos seus fornecedores.
Presente hoje em mais de 17 estados em todo território nacional e recebendo diariamente 11 mil pedidos dos mais variados segmentos, a Neo Delivery tem modelo de franquia sem ponto comercial e investimento inicial a partir de R$10 mil. O faturamento anual da marca gira em torno dos R$9 milhões e a empresa segue em expansão.
Empresária Desenvolve Primeira Franquia Brasileira Focada em Suprir as Necessidades das Pessoas Alérgicas
Foi a partir de uma demanda pessoal da empresária Sarah Lazaretti, em 1993, que surgiu a ideia de fundar uma empresa especializada em entender as demandas dos indivíduos que lidavam incessantemente com os sintomas alérgicos. A Alergoshop despontou da sociedade entre Sarah e sua irmã, Julinha. A dupla enxergou potencial nesse setor do mercado e decidiu investir na área.
O sucesso foi preciso, colocando a marca em posição de referência no desenvolvimento de cosméticos e perfumaria, por sua produção de saneantes, produtos anti-ácaros, semi-jóias, repelentes, entre outros, todos visando o bem-estar e a melhoria na qualidade de vida do cliente.
O diferencial dos produtos está em sua qualidade – os itens são livres de, no mínimo, 95 substâncias causadoras de alergias, além de conterem ativos conferentes de qualidade, embalagem biodegradável e cruelty free.
A ideia das irmãs foi essencial para a melhoria na saúde de pessoas alérgicas, com peles sensíveis e para aqueles que buscavam produtos não agressivos e dermatologicamente eficazes, tornando-as pioneiras no setor e levando a franquia a abertura de 10 unidades no estado de São Paulo.
Mulheres na educação e tecnologia
Idealizada por Vanessa Ban, formada em letras, em 2014 foi fundada a SuperGeeks – primeira e melhor escola de programação e robótica para todas as idades. A empreendedora se mantém como CFO (Chief Financial Officer) das marcas SuperGeeks, CS Plus e MasterGeeks, que juntas fazem agora parte da Holding SuperGeeks.
Além de Vanessa Ban, na SuperGeeks às liderança femininas prevalecem, contanto também com mais duas mulheres à frente do negócio, Cássia Ban (CEO) e Tatiana Shiozaki (COO).
Além de focar no empreendedorismo feminino, o principal objetivo da SuperGeeks é fazer com que os alunos se tornarem empreendedores e profissionais projetando em suas mentes a inovação.
Jovem reinventa modelo de negócio e fatura milhões
Aos 21 anos de idade, após uma viagem ao exterior, Giovanna Domiciano, trouxe um modelo de negócio ao Brasil inspirado nas famosas Garage Sales, tradição bastante conhecido nos EUA, onde moradores selecionam produtos quase novos ou nunca usados e os vendem por um valor abaixo do praticado no mercado, assim surgiu a Arena Baby, rede de brechó e outlet Infantil.
A primeira loja da rede localizava-se em Santo André, São Paulo, foi inaugurada em 2015 com um investimento de R$3 mil, possuía apenas 30 metros quadrados, 51 peças, entre roupas, calçados e acessórios. “Percebi que empreender tem suas dificuldades, porém não me via trabalhando para outras pessoas. Decidi erguer as mangas e lutar pelos meus sonhos! ”
Um ano após a primeira loja ser inaugurada, a rede entrou no franchising e hoje possui mais de 40 lojas espalhadas pelo Brasil e só no ano passado faturou R$9 milhões.
Jornalista mantém empresa de assessoria há 28 anos no mercado – conheça sua trajetória
Foi a partir da paixão pela área de assessoria que a jornalista Luciene de Oliveira transformou suas ideias em realidade, fundando a Lucky Assessoria de Comunicação. A profissional iniciou sua carreira atuando como estagiária em veículos como ISTOÉ e Folha de São Paulo, nas áreas de produção fotográfica e pesquisa. Apesar do enriquecimento em experiências, Luciene não se encantou pelo ramo de redação, mas foi neste período que começou a descobrir e gostar do setor de assessoria.
Em 1994, a jornalista decidiu investir seu conhecimento na abertura de sua empresa, visando levar para a imprensa produtos e marcas até então não conhecidas. Seu apelido de infância, somado a sua tradução – sortudo (a), foi a cereja do bolo, conferindo o nome Lucky.
Os primórdios da empresa foram marcados por dificuldades em função da ausência de tecnologia na época, mas havia outra questão que impactava o ambiente de trabalho da jornalista – o frequente assédio moral e sexual. “Além de ser mulher eu era muito jovem, e estamos falando dos anos 90, onde era lícito que os homens dessem cantadas e cometessem assédio moral e sexual sem serem denunciados. Uma denúncia na época significaria a mulher ser afastada daquele mercado”, explica a profissional. Ela ainda conta que tinha que lidar com as perdas de oportunidades para homens, em função do sexismo no mercado, além do questionamento de sua capacidade, indagando se ela seria capaz de dar conta e colocar a empresa em evidência.
Mesmo com obstáculos, Luciene de Oliveira seguiu gerenciando sua empresa e, como resultado de sua perspicácia, a agência de assessoria segue em vigor há 28 anos. Desde sempre, a profissional visou manter uma equipe feminina, com o intuito de garantir oportunidades às mulheres no mercado empreendedor. “É possível ser mulher, mãe, esposa ou o que você quiser, e estar a frente de uma grande empresa”, completa ela.
Atualmente, a Lucky se mantém no mercado com força, ganhando cada vez mais espaço e se consolidando como uma das mais conhecidas dentro do setor de franquias.
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