DIA DA MULHER | A desistência das líderes
Pouco propensas a relevarem as microagressões sofridas no ambiente corporativo – e não punidas ou coibidas pelas empresas -, as profissionais que ocupam cargos de liderança optam por ir em busca de novas oportunidades de trabalho. Entre as que estão em ascensão, a falta de perspectiva de galgar novos cargos de liderança também é motivadora da desistência. Por Lu Magalhães
Um tema que considero essencial para entender a movimentação feminina nos ambientes corporativos é a ascensão profissional e permanência das mulheres nas empresas. E, as notícias não são boas. De acordo com a nova edição do Women in the Workplace – relatório analítico da McKinsey & Company –, as líderes estão trocando de emprego em taxas mais altas do que costumávamos registrar. Isso quer dizer que, por alguns motivos bastante pragmáticos, mais mulheres em cargo de liderança estão optando por sair das empresas.
O levantamento – considerado o maior do gênero nas Américas e que conta com mais de 40 mil participantes de 333 organizações que, juntas, empregam mais de 12 milhões de pessoas – fala de algo como uma “grande separação”. Mais cientes de suas demandas profissionais e do próprio valor para o ambiente corporativo, as mulheres estão optando por deixar as empresas, quando não são atendidas nas justas reinvindicações. O impacto social desse fenômeno é bastante preocupante. Como a liderança feminina, em termos quantitativos, é bastante sub-representada, corre-se o risco de as vagas não serem preenchidas por outras profissionais. No caso de mulheres negras e LGBTQIAP+, o dano pode ser ainda maior.
Pouco propensas a relevarem as microagressões sofridas – e não punidas pelas corporações –, essas profissionais que ocupam cargos de liderança optam por ir em busca de uma cultura corporativa diferente da que estão vivenciando. Entre as que estão em ascensão, a falta de perspectiva de galgar novos cargos de liderança também é motivadora para o pedido de demissão.
De acordo com o estudo, se as empresas não agirem, correm o risco de perder não apenas as atuais líderes, mas também comprometerem uma próxima geração, já que as jovens profissionais podem ficar desmotivadas a continuar na empresa. Elas, aliás, são mais ambiciosas e valorizam um ambiente de trabalho igualitário, solidário e inclusivo; portanto, são menos tolerantes a locais que não espelham esse contexto.
| Lu Magalhães é presidente da Primavera Editorial, sócia do PublishNews e do #coisadelivreiro. Graduada em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), possui mestrado em Administração (MBA) pela Universidade de São Paulo (USP) e especialização em Desenvolvimento Organizacional pela Wharton School (Universidade da Pennsylvania, Estados Unidos). A executiva atua no mercado editorial nacional e internacional há mais de 20 anos.
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