Algo bem curioso que podemos notar em meio às inúmeras mudanças para adaptação ao novo normal devido à pandemia de coronavírus é que hoje todo mundo tem algo a dizer sobre home office, colaboração on screen com equipes de trabalho e como conciliar o próprio equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Muitos compartilham suas histórias longamente. E com bastante assertividade. Já os departamentos de TI das organizações afetadas pela Covid-19 – e seus incríveis profissionais que tornam possível manter o trabalho e a produtividade de forma remota – têm uma visão bastante única e nada sentimental sobre as tecnologias que viabilizam aos funcionários trabalhar de casa e sobre a prontidão de suas próprias empresas para futuros desastres – incluindo a contínua pandemia global que infelizmente tem afetado a todos.
Para descobrir o que esse grupo essencial de profissionais aprendeu durante os primeiros meses de lockdown para impedir a propagação do coronavírus, se planejam uma possível interrupção contínua e quais tecnologias esperam manter durante a crise, a TeamViewer conduziu uma pesquisa com profissionais de TI em empresas de diferentes portes e segmentos nos Estados Unidos.
Uma das coisas mais importantes era descobrir e aprender como os líderes de TI responderam à Covid-19. Dado o início inesperado da pandemia e a rapidez com que as empresas reagiram, será que os profissionais de TI se sentiram mal preparados ou pegos de surpresa?
Em vez disso, a pesquisa revelou que a grande maioria dos entrevistados está bem preparada para gerenciar a mudança repentina do trabalho presencial para o trabalho remoto durante o surto. Isso pode ter ocorrido porque, como muitos afirmaram, eles já haviam recebido treinamento para gerenciar sistemas de TI em um ambiente de trabalho predominantemente remoto, mesmo antes da pandemia. Ao mesmo tempo, porém, mais de três quartos dos profissionais ouvidos sentiram que o aumento contínuo do fluxo de trabalho remoto acabaria mudando os treinamentos e as práticas necessários para o trabalho das equipes mais jovens, ou recém contratados, dos departamentos de TI.
A transição abrupta da força de trabalho do escritório para casa incluiu fortes elementos de improvisação. Por exemplo, os dispositivos utilizados pelos funcionários para o trabalho remoto eram frequentemente os mesmos que eles e seus filhos usavam para recreação, correspondência pessoal, compras etc. Tais equipamentos vieram de diferentes fabricantes, com diferentes sistemas operacionais, diferentes recursos e, é claro, diferentes capacidades. Além disso, as configurações físicas das equipes e colaboradores em home office não incluíam as comodidades que um escritório físico oferece, como mesas exclusivas, cadeiras adequadas, linhas telefônicas, copiadoras e equipamentos de arquivamento, entre outros. Ainda assim, de acordo com uma pesquisa realizada antes da pandemia com gerentes de contratação ¹, mais da metade concordou que o trabalho remoto entre funcionários em tempo integral já estava se tornando mais comum e que quase 405 dos funcionários em tempo integral esperavam fazer a transição para o trabalho remoto dentro dos próximos 10 anos. E com a pandemia, esse número só cresceu.
Se o aumento do trabalho remoto é, de fato, a nova realidade do emprego, isso exigirá que as empresas planejem um futuro em que o escritório tradicional seja muito menos relevante para a forma como as pessoas fazem negócios. De certa maneira, estamos em um ponto análogo à primeira iteração da Internet. Desde então, o desenvolvimento da rede mudou completamente como nos comunicamos, como realizamos transações comerciais, como nos relacionamos com os clientes e uns com os outros. Acredito que, à medida que o modelo home office amadurece, será inevitável passarmos por turbulências semelhantes em nosso modo de vida e de trabalho.
No entanto, uma coisa é certa: o futuro do ‘work from home’ continuará a depender de tecnologias e ferramentas, tanto as atuais como as que ainda estão por vir. Entre as mudanças que muitos gerentes de TI visualizam atualmente estão uma maior ênfase em serviços baseados em nuvem, um maior foco em segurança de rede e treinamentos de segurança, mais horas de trabalho gastas trabalhando em casa, com muito menos tempo nos data centers dos empregadores, e a disponibilidade de orçamentos maiores para ferramentas de trabalho remoto mais avançadas.
É claro que a pressão institucional para aumento de orçamento nos departamentos está embutida na maioria das corporações, e a TI não é exceção. Mas, no caso da Covid-19, os executivos revelaram áreas de despesas específicas, como armazenamento em nuvem, maior segurança de rede, expansão do arsenal de ferramentas de conferência e ampliação da capacidade VPN – quesitos que, em muitos casos, foram atendidos até antes da pesquisa da TeamViewer.
Os computadores pessoais se tornaram um equipamento doméstico comum nos últimos 30 anos. Mas nem todo mundo possui a tecnologia certa para fazer seu trabalho diário. Como resultado, muitas empresas compraram laptops, impressoras, scanners e software para os membros de suas equipes, mesmo sem saber se seriam reembolsados por subsídios do governo para cobrir os custos.
O vice-presidente de Recursos Humanos da Pace University citou formas criativas que a instituição encontrou para lidar com a situação. “Alocamos recursos e priorizamos a entrega de computadores aos funcionários que necessitavam do equipamento”, disse ele. “Em alguns casos, os colegas emprestaram iPads e laptops uns aos outros.” ²
Não surpreendentemente, o número de solicitações direcionadas aos help desks dos departamentos de TI durante a mudança para o trabalho remoto disparou. A eficácia de suas respostas – confirmada pela alta produtividade do home office – acabou por também apoiar a convicção da maioria dos gerentes de TI de que o futuro das empresas depende da capacidade do pessoal de TI criar um ambiente de trabalho estável.
Mas o que isso significa?
Simples! Embora possa haver alguma dúvida sobre como as organizações estavam preparadas para uma saída imediata do ambiente de escritório na eclosão da pandemia, os departamentos de TI certamente cumpriram a tarefa: articularam-se dinamicamente em torno de ferramentas já existentes de trabalho remoto seguro, rápido e eficaz, sem perda de produtividade, mantendo os olhos abertos para as novas tecnologias em desenvolvimento.
A maioria das organizações também reconheceu a importância e o potencial de suas equipes de TI, reforçando-as com aumentos de orçamento. E embora ninguém saiba quando ou como a crise do coronavírus terminará ou quais mudanças ocorrerão futuramente na dinâmica de trabalho, os líderes de TI estão confiantes porque possuem os recursos necessários para manter o trabalho das organizações em andamento, mesmo no caso de um novo surto.