Ativo desde o ano passado, o visto “Visa Tech” se tornou um grande atrativo para que profissionais brasileiros de tecnologia da informação mudassem de continente para seguir suas carreiras. Um dos principais pólos tecnológicos emergentes da Europa, Portugal criou o visto com o intuito de recrutar especialistas em TI de fora da União Européia, oferecendo menos burocracia e mais agilidade na resolução de formalidades.
Até 2018, era estimado que pouco mais de 105 mil brasileiros viviam em Portugal, estatística que no final do ano passado já era superior a 150 mil. Com o ‘boom’ das oportunidades de TI para a nação lusitana, empresas de consultoria e recrutamento brasileiras precisaram adaptar seus processos, também, para prestar suporte em contratações para fora do continente.
Eduardo Farias, CEO da Elumini, empresa que oferece soluções de transformação digital, explica que o mercado de TI, por estar em um momento tão aquecido, se tornou uma área desafiadora para que as organizações retenham os seus talentos, uma missão que se mostra ainda mais difícil com a concorrência de outro país pelos profissionais do Brasil.
O executivo reforça que a discussão em torno do “hoje é o candidato que escolhe as empresas, e não o contrário” nunca foi tão presente e real, o que exige que as empresas desenvolvam estratégias mais assertivas para atrair e manter os melhores colaboradores. “As empresas precisam desenvolver o hábito de ouvir as pessoas, apoiá-las, incentivá-las, enxergar quais são os desejos e objetivos de seus colaboradores e tentar assumir um papel ativo para ajudá-los a conquistar aquilo que buscam”.
Farias ressalta que a humanização, é crucial para as empresas construírem sua marca, pois mesmo as companhias grandes, se apegadas ao nome e não a ações engajadoras, perdem sua atratividade.
O que torna Portugal tão atrativo?
Diversos fatores ainda dificultam que os negócios brasileiros tenham ações efetivas de retenção de talentos. Problemas financeiros, clima, e até mesmo fatores externos (como a locomoção) são obstáculos para que a motivação se mantenha alta.
O CEO da Elumini pontua que em meio a esse cenário, Portugal ganha força na atração de colaboradores exatamente por oferecer aquilo que o Brasil ainda deixa a desejar, como segurança.
“Conversando com amigos e profissionais que fizeram a migração para o país europeu, ficou claro que a segurança e a qualidade de vida foram determinantes para a mudança se concretizar. Se nós levarmos em consideração, por exemplo, profissionais que têm uma condição financeira estabilizada e a possibilidade de seguir com o seu trabalho fora do Brasil, a qualidade de vida vai ser um fator decisivo na escolha, especialmente para aqueles que têm família”.
Além disso, Farias comenta que as exigências de qualificação solicitadas por várias empresas portuguesas são menores do que o encontrado no Brasil. “Há demandas de TI na Europa que não demandam nenhuma grande experiência. Há casos, inclusive, em que quanto menos experiência o candidato possuir, melhor, para que assim os profissionais possam ser desenvolvidos de acordo com a cultura das organizações portuguesas. Isso, sem contar que a questão da língua e de uma cultura parecida com a nossa também contam a favor do interesse pela migração”.
Em média, empresas de TI de grandes metrópoles brasileiras como São Paulo oferecem salários maiores do que os que são pagos pelas organizações portuguesas. Entretanto, os critérios de atração de Portugal acabam fazendo com que o salário fique em segundo plano na hora de convencer o profissional brasileiro a tentar a sorte na Europa.