Os pequenos negócios registraram, no primeiro semestre de 2019, uma melhora nas condições de acesso a crédito no Brasil, segundo dados do Sistema Financeiro Nacional, analisados pelo Sebrae, Com isso, as micro e pequenas empresas (MPE), Empresas de Pequeno Porte (EPP) e Microempreendedores Individuais (MEI) realizaram, de janeiro a julho do ano passado, um total de 62,3 milhões de operações de crédito, o que representa um crescimento de 1,48% em relação ao mesmo período de 2018. Já no volume de recursos mobilizados em financiamentos, o primeiro semestre de 2019 registrou um aumento de 17,11% em comparação com o primeiro semestre do ano anterior. Segundo o SFN, os pequenos negócios obtiveram o montante de R$ 121,3 bilhões em crédito no primeiro semestre do ano passado.
Do total de operações realizadas para os pequenos negócios, 49,9% foram feitas pelas EPP, 42,9% por ME e 7,2% pelos MEI. Quanto ao volume de recursos financiados, as Empresas de Pequeno Porte absorveram 75,1% do total do crédito disponibilizado para as pequenas empresas, seguidas pelas ME com 20,6% e MEI com 4,3%. Os resultados corroboram a pesquisa sobre condições (oferta, demanda e nível de aprovações) de crédito realizada pelo Banco Central. Todos os indicadores ainda estão em terreno positivo, apontando que o mercado de crédito deve continuar aquecido no primeiro semestre de 2020.
As taxas médias de juros das operações de crédito permaneceram relativamente estáveis no primeiro semestre de 2019, com uma pequena alta sendo registrada para as Microempresas, que passaram a contar com uma taxa média de juros de 50,7% ao ano, enquanto a média em 2018 havia sido de 49,2%. Quando comparadas com a taxa média total para pessoa jurídica, o estudo do Sebrae mostra que as condições de juros ofertadas para os pequenos negócios ainda precisam ser aprimoradas. Em 2019, a taxa média total para PJ (todos os portes) atingiu 15,7% ao ano. A justificativa para isso é que as empresas de médio e grande porte absorvem cerca de 80% de todo o crédito concedido para Pessoa Jurídica no SFN, a taxas bem menores.
O MEI é o segmento para o qual as taxas são mais elevadas. Isso se dá pelo seu maior nível de risco percebido pelo SFN e pelo baixo volume de recursos operados. Conforme o levantamento do Sebrae, os diferenciais de juros foram aumentando desde 2015 e permanecem em níveis elevados, evidenciando as condições severamente adversas de acesso ao crédito por parte dos pequenos negócios. Além disso, a manutenção das taxas de juros em patamares elevados, contrasta com as expressivas quedas nos níveis de inadimplência das carteiras de crédito para esse segmento no SFN. Somente as ME mantiveram o nível de inadimplência média relativamente estável desde 2017, enquanto tanto o MEI quanto as EPP tiveram fortes quedas em seus níveis.
“A expectativa com essa pesquisa do Banco Central, é de uma melhora ainda maior nas condições da oferta, demanda e aprovações de crédito, mantendo o comportamento já registrado ao longo de todo o ano passado”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Um outro aspecto relevante para o financiamento dos pequenos negócios no Brasil, segundo Melles, com a redução das taxas de juros, controle da inflação e melhora das expectativas quanto ao crescimento econômico, foi a intensificação da entrada no mercado de novos investidores, que estão apostando nas startups, os pequenos negócios de inovação.
Em 2018, o Brasil registrou um número recorde de startups elevadas ao status de unicórnios (corporações avaliadas em mais de US$ 1 bilhão), chamando a atenção de empresas de capital de risco locais e internacionais que operam no Brasil. “Muitos querem apostar em MPEs voltadas para as finanças, agronegócios, educação e de saúde, além de soluções para governos”, ressalta o presidente do Sebrae.
Em 2019, essa tendência se confirmou, com duas novas empresas alcançando o status de unicórnio, enquanto outra se tornou a primeira decacorn brasileira, sendo avaliada em US$ 10 bilhões. “A tendência é que isso melhore ainda mais e é por isso que o Sebrae vem investindo em vários projetos para startups, principalmente na capacitação desses empreendedores e também na formação de investidores-anjo, capazes não somente de aportar recursos, mas que também apoiem as empresas com suas experiências, pois isso ajudará a ampliar as possibilidades de financiamento para os pequenos negócios e também atrair ainda mais investidores”, diz Carlos Melles”.