Se por um lado, muitas empresas andam preocupadas com as incertezas provocadas Covid-19, por outro, alguns setores têm observado uma explosão de demanda.
Isso porque, diante dos novos hábitos de consumo impostos pelo isolamento social, muitas empresas decidiram se reinventar e estão ganhando muito dinheiro com isso.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje cerca de um terço da população mundial está em quarentena. Dito de outro outro modo, isso significa que pelo menos 2,6 bilhões de pessoas no planeta estão trancadas em suas casas.
Neste novo e atípico contexto, atividades como ensino a distância (EAD), telemedicina, delivery, e-commerce de alimentos e bebidas e serviços relacionados à saúde ganham cada vez mais espaço.
Ensino à distância
A Catho Educação divulgou que no período entre 21 de março e 6 de abril houve um aumento de 68% nas matrículas para cursos EAD ou semipresenciais. Já nas semanas entre 3 e 20 de março, a plataforma registrou um crescimento de 44% na procura por cursos a distância.
No mesmo caminho, a escola de idiomas Babbel, plataforma totalmente on-line, registrou um salto de 25% entre a segunda quinzena de março e o começo de abril.
Já o aplicativo da empresa de idiomas é baixado cerca de 120 mil vezes ao dia em todo o mundo.
Dona de um faturamento global de € 100 milhões por ano, a Babbel avalia meios de expandir ainda mais sua atuação no mercado nesse período de quarentena.
Uma das estratégias já implementadas foi o lançamento de cursos gratuitos de um mês para estudantes. Desde o dia 8 de abril, 1,9 mil pessoas aderiram aos cursos.
Comércio online
Outro segmento que tem se beneficiado com a quarentena diz respeito à área de e-commerce.
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) revela que nas últimas duas semanas houve aumento de 180% na demanda por supermercados on-line.
“As principais altas foram contabilizadas nas categorias ‘alimentos e bebidas’ e ‘beleza e saúde’”, disse o presidente da entidade, Mauricio Salvador.
Já a Evino, um dos maiores sites de vendas de vinhos pela internet, registrou aumento de 38% nas vendas entre os dias 20 e 27 de março.
Ao comparar fevereiro e março deste ano com o mesmo período de 2019, a Evino revela uma alta de 72% nos pedidos. Em dois meses, foram mais de 1,3 milhão de garrafas importadas.
“O crescimento de 20% previsto para 2020 será muito maior em razão da pandemia”, diz o cofundador da Evino, Ari Gorestein.
Mesma direção seguiu o setor de alimentação saudável. A Mr. Fit, uma das principais redes do segmento no País, com 130 unidades e faturamento de R$ 45 milhões, registrou uma alta de 10% nas vendas em abril.
Serviços relacionados à saúde
Como não poderia deixar de ser, um dos segmentos que mais ganhou com a crise está relacionado à prestação de serviços na área da saúde.
A Hapvida, uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, divulgou que aumentou de R$ 30 milhões para R$ 40 milhões seu plano de investimento em modernização e expansão da rede.
“Temos feito investimentos em call center, chats, telemedicina e compra de respiradores e equipamentos de proteção aos nossos colaboradores”, afirma o diretor-superintendente Bruno Cals de Oliveira.
O exercício da atividade de telemedicina no País foi regulamentado e sancionado na quinta-feira (16) pelo presidente Jair Bolsonaro.
A startup BoaConsulta, voltada a consultas médicas a preços populares, superou a marca de 1,5 milhão de pacientes cadastrados. “Com a telemedicina, vamos fechar 2020 com crescimento de 100% no faturamento”, afirma o CEO da empresa, Adriano Fontana.
Na mesma direção, a Dandelin, startup que conecta pacientes a médicos, registrou aumento de 200% nos últimos dois meses. Entre agendamento de consultas e novos cadastros, o faturamento no período equivale a 71% de 2019. “Estamos registrando a maior demanda de nossa história com a pandemia”, diz o CEO Felipe Burattini.
Entretenimento
Segundo o portal JustWatch, que indica onde usuários podem assistir programação online, entre os dias 9 e 17 de março houve um aumento no tráfego de dados no Brasil na ordem de 37%. Na Itália, foi de 76% e, entre os espanhóis, saltou para 85%.
Os serviços de streaming vêm registrando explosão no número de acessos. Temendo um colapso do tráfego de dados de internet, órgãos de regulação das telecomunicações da União Europeia pediram à Netflix que reduza a qualidade de resolução dos seus filmes e séries. A empresa americana acatou o pedido por 30 dias.
Além disso, diversas operadoras de TV por assinatura e plataformas de conteúdo sob demanda começaram a liberar o sinal de alguns canais, a oferecer assinaturas gratuitas e a promover descontos. As informações são da Isto é dinheiro.