Companhia obteve mais de R$ 12 milhões de economia ao finalizar controvérsias com o auxílio da mediação extrajudicial online
Solucionar uma demanda na Justiça pode ser sinônimo de dor de cabeça e altos custos para uma empresa. De acordo com um levantamento realizado pelo escritório Amaral, Yazbeck Advogados, as empresas são as maiores litigantes do Brasil. Essas disputas causam impactos na receita das instituições, que gastam, em média, R$ R$ 157,38 bilhões de reais com ações judiciais. A pandemia do novo coronavírus trouxe à luz a mediação como alternativa para finalizar processos. Advogados, juristas e, até mesmo, o ministro Luiz Fux, indicaram a via alternativa para solucionar conflitos. Algumas empresas já adotaram o procedimento para colocar fim à disputas e evitar o surgimento de novos processos. No último ano, o setor securitário ganhou uma empresa especializada em solucionar controvérsias por meio do acordo.
O grande volume de ações envolvendo o mercado das seguradoras abriu espaço para a criação da MediarSeg, empresa que faz parte da Mediar Group, startup brasiliense de conciliação, mediação e negociação online, especializada em acordos extrajudiciais. O alto índice de judicialização e a eficácia do procedimento, encorajou a advogada, mediadora e CEO da Mediar Group, Mirian Queiroz, a fundar a primeira empresa brasileira especializada em conflitos securitários. “Após um trabalho exitoso nessa esfera e estudos inspirados em iniciativas vindas de Portugal, constatei que o mercado precisava de um serviço personalizado e especializado nas demandas desse setor. Existem câmaras criadas por sindicatos para solucionar conflitos de corretagem, mas o trabalho desenvolvido na MediarSeg é direcionado ao conflito entre companhia e segurado”, revela Mírian.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apurou o número de processos contra as empresas, foram registradas 310 mil ações, em 2019. Os processos deste setor são naturalmente morosos, seja para a verificação de danos, seja para a delimitação da respectiva extensão e responsabilidade, de acordo com o que foi contratado na apólice, colocando em lados opostos, seguradora e segurado. “Não é interessante para as companhias acumularem processos que se arrastam na Justiça, passar por correções de juros, honorários, inversão de ônus da prova, inversão do encargo processual e financeiro ao longo dos anos. A principal função da MediarSeg é desburocratizar o setor securitário, oferecer soluções práticas para as seguradoras, atender às necessidades dos envolvidos e contribuir para redução de reclamações e processos”, explica a CEO.
Este ano, uma das companhias atendidas pela MediarSeg, recebeu o prêmio Conciliar é Legal, do CNJ, esta é a primeira vez que uma empresa do setor recebe o título. Para Mírian, o prêmio chancela a eficácia do procedimento. “Essa iniciativa nos mostra que é possível solucionar disputas sem acessar o Poder Judiciário, que possui um volume denso de ações. Apostamos na via alternativa para finalizar as demandas da companhia e o resultado foi satisfatório. “Utilizamos a tecnologia para aproximar o segurado da empresa e finalizar as controvérsias fora dos tribunais. As tratativas são realizadas com o auxílio da internet, basta as partes acessarem a multiplataforma da MediarSeg. Nosso objetivo é melhorar a experiência do usuário com as seguradoras, reduzir os processos do setor e atuar como um braço do Poder Judiciário”, diz a advogada.
A MediarSeg atua em processos que estão em tramitação ou na fase pré-processual – quando o processo não foi executado Nas duas esferas, a mediação extrajudicial online mostrou-se eficaz. Em um ano, uma das companhias atendidas pela empresa economizou R$ 12.307.724,16 em demandas de seguro auto, vida e massificados. “É um resultado muito expressivo e satisfatório para a companhia de seguro e para os segurados, os clientes passam um feedback muito positivo. A nossa função é oferecer soluções práticas que contribuam para a redução de processos e reclamações do setor. Utilizamos todos os recursos tecnológicos para isso, nosso procedimento é sigiloso e está de acordo com as regras estabelecidas pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais”, comenta.
Outro serviço oferecido pela startup é direcionado para os SACs (Serviço de Atendimento ao Consumidor) e Ouvidorias. “Uma pesquisa recente revelou que menos de um terço dos brasileiros estão satisfeitos com os serviços oferecidos nos canais de atendimento. Essa insatisfação do usuário pode acabar em um tribunal, isso pode representar altos custos. Para evitar o surgimento de novas ações, acolhemos as reclamações e identificamos as queixas com alto potencial de judicialização. Oferecemos um atendimento humanizado e contamos com a participação do segurado na construção do acordo. Sendo assim, não há parte vencedora, mas ganhos mútuos para os envolvidos”, diz a mediadora.
A CEO da MediarSeg explica a importância de encerrar disputas pela via alternativa. “Vivemos uma crise no Poder Judiciário, mais de 77 milhões de processos estão no acervo da Justiça e, ainda, espera-se um aumento por conta da pandemia. Basta analisar esses dados para perceber que não é tão simples alcançar um desfecho pela via judicial. As ações podem levar, em média, oito anos para alcançar uma resolução. Ainda assim, a sentença pode não agradar nenhuma das partes e os envolvidos podem esperar por mais um bom tempo e acrescentar alguns dispêndios para a conta”, lamenta.
O trabalho desenvolvido pela MediarSeg não gera impacto positivo apenas no setor securitário. De acordo com Mírian, o Poder Judiciário também é beneficiado. “Estamos em um período de expansão das práticas jurídicas e a tecnologia tem um papel muito importante no trabalho que nós desenvolvemos. Estamos totalmente adaptados ao ambiente virtual, temos clientes em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e seguiremos avançando por todo país, sem as inovações do mercado tecnológico isso não seria possível”, finaliza a mediadora.