O futuro do trabalho traz ameaças e grandes oportunidades. É o que acredita José Cláudio Securato, Presidente da Saint Paul Escola de Negócios e Editora. Presente na 45ª edição do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH) com a palestra “Educação e o futuro do trabalho”, ele debaterá porque modelos de aprendizagem do passado já não prepararam os talentos para novo contexto do trabalho.
O especialista em educação para negócios explica que, enquanto o mercado caminha para aliar cada vez mais homem e máquina, a principal competência para o futuro do trabalho se torna a aprendizagem constante. Segundo ele, esse é um grande desafio para as empresas. “Quanto mais próximas as pessoas estão das competências do futuro, menos elas querem fazer parte de organizações tradicionais”.
E isso pode ser visto nos resultados do relatório 2019 Workplace Learning Report, divulgado pelo LinkedIn Learning. Somando as opiniões de mais de 1.200 profissionais de treinamento e desenvolvimento e 2.100 participantes de programas de capacitação, o estudo conclui que 94% deles ficariam mais tempo em uma companhia se ela investisse em seu aprendizado e desenvolvimento.
Futuro do trabalho e o papel da educação
De acordo com José Cláudio, da mesma forma que as mudanças no mercado e na sociedade ainda estão acontecendo na era digital, os modelos de aprendizado também seguem em transformação.
futuro do trabalho – José Cláudio Securato
Nesse cenário, o palestrante do CONARH afirma que os novos modelos ainda não foram completamente assimilados pelas pessoas. Para ele, isso deve ser uma preocupação para as organizações, já que talentos são escassos e tanto atrair como retê-los é uma tarefa complexa.
Mas as empresas não estão sozinhas nessa jornada, uma vez que boa parte do desafio está fora delas. Segundo José Cláudio, as instituições de ensino e pessoas também não se adequaram por completo às mudanças no formato de aprendizagem.
“Estou certo que há uma sincronia no desejo de novas formas de aprender, mas ainda não há um engajamento pleno e aceitação por modelos propostos”, afirma o especialista. Segundo ele, isso é um risco diante da incapacidade dos formatos do passado em atenderem as demandas do presente. Contudo, esse cenário também abre o caminho para a adoção de abordagens mais alinhadas ao futuro do trabalho.
Desafios e oportunidades através da educação
José Cláudio defende que as competências de hoje não são suficientes para o mercado moderno e isso gera a necessidade do que ele chama de “reeskiling”, ou seja, a busca por desenvolver talentos em face das habilidades do futuro.
No entanto, ele acredita que é justamente essa necessidade que gera possibilidades. “Há um mundo de oportunidades, porque poderemos humanizar cada vez mais o trabalho, valorizando o que o ser humano tem de melhor. Mas para isso teremos que evoluir a forma que aprendemos”, destaca.
Nesse cenário, o especialista destaca o que considera essencial para o futuro do trabalho. “A principal competência é a aprendizagem constante ou ativa, algo que chamo de onlearning. É uma nova visão do lifelong learning, pois é orgânico, fluído e constante. É sempre “on” ou ligado, pois não existe mais aprender e parar de aprender. Assim, será possível desenvolver novas habilidades voltadas para o pensamento crítico e analítico, a resolução de problemas complexos, o design de tecnologia, a programação e a colaboração”, completa.
Escassez de talentos no futuro do trabalho
Autor de mais de 10 livros, dentre os quais figura a obra “Onlearning – Como a educação disruptiva reinventa a aprendizagem”, o palestrante acredita que a melhor forma de lidar com a escassez de talentos é através do incentivo ao desenvolvimento das pessoas dentro das empresas. Mas ele pontua que isso significa oferecer a elas os meios modernos para isso.
José Cláudio esclarece que a maior parte da força de trabalho atual foi formada por escolas que seguem um modelo antigo, que ele compara à padronização característica de fábricas ou do serviço militar. Esse modelo teria se tornado obsoleto por tratar o erro de forma negativa, não ensinar a fazer perguntas uma vez que elas já estão prontas e não a aceitar respostas abertas, pois há um gabarito definido.
Mas qual seria o modelo capaz de atender às demandas do mercado em transformação? Para o presidente da Saint Paul Escola de Negócios, a educação moderna deve se orientar pelos conceitos de heutagogia e dessincronização. Ele explica:
Heutagogia: formato no qual cada um é gestor e programador do seu próprio aprendizado.
Dessincronização: produtos derivados de profundas inovações teriam prazos de utilização dessincronizados, uma vez que cada pessoa está aberta a experimentar o novo em momentos diferentes.
Isso excluiria do processo a hierarquização e padronização, tornando cada pessoa gestora e programadora de sua trilha de aprendizagem. A partir daí, caberia à organização interessada em estar de fato preparada para o futuro do trabalho incentivar e orientar o capital humano.
Apoio da tecnologia
José Cláudio ressalta que a Saint Paul Escola de Negócios foi a primeira instituição brasileira a utilizar Inteligência Artificial, de forma robusta, em suas trilhas de aprendizagem. Ele destaca que não tem dúvidas que a IA vai transformar a educação. “Ela vai mudar a forma de aprender, pois além de potencializar a aprendizagem, ela é em si uma nova forma de se aprender”.
Ele explica que no LIT, a plataforma de onlearning da Saint Paul, a IA já vem sendo usada de quatro formas.
1 – Personalização da aprendizagem
De acordo com José Cláudio, ao escolher uma competência para se desenvolver, o Paul, a Inteligência Artificial da Saint Paul & LIT, faz um assessment para diagnosticar quais competências precisam ser aperfeiçoadas e quais já são de domínio do aluno.
2- Estilo de aprendizagem de acordo com a personalidade
Segundo ele, a IA também é utilizada para detectar os principais traços de personalidade (com base na teoria do big five) do aluno. “Depois, com uso de um algoritmo desenvolvido e patenteado pela Saint Paul associamos os traços de personalidade às formas de aprendizagem: ler, escrever, ouvir, assistir e discutir, por exemplo”.
3- Ensino de conteúdo complexo de negócios
José Cláudio conta que foi criado o que a IBM chamou de primeiro professor do mundo que utiliza a tecnologia de Inteligência Artificial. “O IBM/Watson para ensinar conteúdos complexos de negócios. O Paul consegue fazer relações sobre tópicos e, mais do que isso, aprender com as interações com humanos para melhorar a cada dia”.
4 – IA para Data Learning
Além disso, o palestrante relata que a IA é usada para fazer Data Learning. “Ou seja, usar os dados coletados e tratados ao longo do uso do LIT somado à machine learning para devolver aos usuários/alunos a melhor experiência e performance no aprendizado”, finaliza.