Apesar de não ser um fanático por esse esporte das massas, assisto aos jogos por dever de ofício. E como observador do comportamento humano, noto que algo mudou na celebração do gol. Antes, logo após marcar, a atitude do autor daquele feito era de felicidade, regozijo e congraçamento onde esse jogador ia ao encontro dos companheiros para um abraço grupal.
A primeira coisa que todos faziam ao ver a bola entrando no arco era buscar onde estavam seu companheiros no gramado e correr para eles. A celebração era um misto de júbilo e agradecimento coletivo.
Agora, e já há algum tempo, quem marcou o gol tem uma atitude de raiva contida, busca se desvencilhar dos companheiros que correm atrás dele e opta por celebrar sozinho no canto do campo numa atitude egoísta e ególatra.
Após um leve levantar de olhos para agradecer o divino, imediatamente seu rosto se crispa e ele passa a proferir interjeições e impropérios como a destilar uma raiva contida. Raiva do quê? De quem? O que será que mudou?
O gol sempre será uma obra coletiva, construída pelo pé de muitos e coração de milhões de torcedores. Não há nada nesse momento mágico que justifique a raiva e agressividade estampada em sua comemoração.
Muitos dirão que essa atitude é dirigida à torcida adversária, mas o traço de ressentimento observado é apenas mais um bom exemplo de um tempo tribalista, sectário e egoísta que ora atravessamos. Sinal dos tempos…