Modernização da gestão, movimento de cargas e obras de acesso ao porto são os destaques de 2015
O ano de 2015 apresentou resultados muito positivos para o Porto de Santos. Entre eles, a movimentação de cargas que surpreende pela excelente performance, apontando para um total anual superior a 119,0 milhões de toneladas, mesmo em um cenário econômico desafiador. Esse resultado significará um crescimento de 4,3% sobre o recorde histórico registrado em 2013 (114,0 milhões de toneladas) e de 7,1% sobre 2014 (111,1 milhões de toneladas).
O diretor presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o complexo portuário santista, Alex Oliva, afirma que o Porto de Santos “demonstrou, mais uma vez, o seu desempenho diante de situações adversas, sustentado por seu histórico vínculo com o agronegócio brasileiro e na maturação dos significativos investimentos públicos e privados viabilizados nos últimos anos”.
Alex Oliva, explica que a atuação da Codesp foi centrada na viabilização de infraestrutura necessária para atender o crescimento na movimentação de cargas e na modernização de sua gestão, que envolveu, inclusive, sua transformação organizacional. “A meta da diretoria para o próximo ano é dar continuidade a esse trabalho, investindo na infraestrutura de acesso, tanto terrestre quanto aquaviário, no reforço dos cais e no aprimoramento da gestão, a fim de estabelecer as condições adequadas para atrair os investimentos privados nos terminais portuários”, afirma o presidente.
Quanto à implantação de infraestrutura, o presidente Alex Oliva destaca os serviços de dragagem, obras no sistema viário e construção e reforma de cais que permitiram, ao longo de 2015, a manutenção do calado operacional do canal de navegação do porto em 13,2 metros nos trechos 1, 2, 3 e 4 (até as instalações da Brasil Terminal Portuário), atingindo uma profundidade medida de 15 metros e a normalidade na acessibilidade terrestre ao porto. Ressalta, também, a realização, em 09 de dezembro deste ano, do primeiro leilão do Programa de Arrendamentos de Áreas Portuárias da Secretaria de Portos (SEP) garantiu investimentos no Porto de Santos de R$ 2,066 bilhões. Seguirá para os cofres públicos R$ 430,6 milhões referentes ao valor da outorga a ser pago pelos futuros arrendatários. Para a Codesp será repassado R$ 1,027 bilhão em recursos pelo arrendamento ao longo de 25 anos de cada uma das três áreas leiloadas. Além disso, os arrendatários terão que fazer investimentos de R$ 608 milhões nas instalações arrematadas.
A primeira área leiloada, localizada na região de Ponta da Praia, movimentará granéis sólidos de origem vegetal. O consórcio vencedor foi o LDC Brasil, formado pelas tradings Louis Dreyfus Commodities e Cargill. O grupo pagará R$ 303,069 milhões a título de outorga. A área localizada na região do Paquetá, destinada à movimentação de papel e celulose, foi arrematada pela empresa Marimex Despachos Ltda., que ofertou outorga de R$ 12,5 milhões. A terceira área leiloada está na região do Macuco e teve como lance vencedor R$ 115,047, oferecido pela Fibria Celulose.
Alex Oliva destaca, também, os estudos para identificação do perfil de navios que frequentarão o complexo portuário santista, visando futuras dragagens. O presidente explica que a empresa assinou contrato com a Universidade de São Paulo (USP), no último dia 21 de dezembro, para viabilizar os estudos sobre a atual configuração do canal de navegação do Porto de Santos e dragagem de aprofundamento, visando adequá-lo para receber navios de maior porte sem que haja transtornos à região.
Os trabalhos visam à avaliação da capacidade da atual configuração do canal de acesso, o estudo do comportamento do canal com 15 metros de profundidade, a possibilidade geométrica para navegação de embarcações com 360 e 400 metros de comprimento , bem como quais as obras de proteção necessárias para evitar processos erosivos e deposição de sedimentos, objetivando otimizar o volume de sedimentos a serem dragados e as investigações das restrições que devem ser superadas para uma profundidade de 17 metros, bem como a capacidade máxima do canal em termos de atracações são os principais tópicos a serem abordados no estudo.
Para realização dos estudos, que envolverão recursos da ordem de R$ 10 milhões, serão viabilizados modelos matemático e físico. Este último envolve a construção de um modelo reduzido do canal e do estuário, para avaliar, inclusive, os efeitos da dragagem nas praias.
O diretor-presidente da Codesp disse que dentro desta negociação com a USP foi acordado que o modelo reduzido do estuário de Santos será construído em uma oficina desativada da Codesp. “Os cientistas poderão realizar experiências em escala reduzida neste modelo físico. Esta estrutura estará muito próxima do porto, permitindo uma interação entre o modelo reduzido e a realidade”, explica. “Faremos convênios com todas as outras universidades da Baixada Santista, para que haja aqui um grande laboratório, embrião de um centro de pesquisa para o Porto de Santos e para a região”, afirma o presidente. Segundo Alex Oliva, o laboratório estará à disposição da cidade de Santos como um centro permanente de pesquisas.
Com este acordo de cooperação, nós vamos poder dar respostas aos nossos questionamentos. Alguns acham que o porto é o único responsável pelo assoreamento da Ponta da Praia. Isso não é verdade, mas o que vai dar resposta com muito mais embasamento é o estudo que será feito”, afirmou Alex Oliva. Ele explicou que a Codesp tem 45 dias para apresentar um primeiro relatório ao Ministério Público (MP). “No do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado com o MP, nós temos um acordo em duas etapas. A primeira era contratar o estudo. Acabamos de fazê-lo. A segunda, é entregar o relatório que ainda não será conclusivo mas que já trará luz ao problema do assoreamento na Ponta da Praia”.
Além da disponibilização da infraestrutura necessária ao bom funcionamento do porto, outro fator destacado pelo presidente foi a modernização da gestão portuária. Alex Oliva explica que a empresa está se estruturando para atuar com um novo modelo de gestão, objetivando aumentar os padrões de segurança, sustentabilidade e a qualidade dos serviços prestados, gerando benefícios sociais, retorno financeiro para seu custeio e investimentos. Através da implementação desse projeto da Secretaria de Portos (SEP), previsto para todas as companhias docas, a Codesp passou a atuar em 2015 com uma nova estrutura organizacional e sob novo estatuto. Foram aprovados, ainda, pelo Conselho de Administração o Regimento Interno, contendo as atribuições de todas as áreas da empresa, e a proposta de novo Plano de Cargos Comissionados e Funções de Confiança (PCCFC), bem como seu encaminhamento ao Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest). O PCCFC define as regras para a ocupação dos cargos comissionados e funções de confiança e assegura um plano adequado às necessidades da empresa. Além disso, foi aprovado o Regimento da Unidade de Segurança da Codesp, que consiste em um detalhamento maior da Superintendência da Guarda Portuária.
Infraestrutura
O diretor de Engenharia, Antonio de Pádua de Deus Andrade, explica que a construção do cais de Outeirinhos prosseguiu, praticamente encerrando o ano com a conclusão de trecho de 779 metros, desde as instalações da Marinha do Brasil até o T-Grão, garantindo mais um berço de atracação no novo cais.
“Os principais ganhos com a construção do cais, com uma nova configuração de alinhamento, são a possibilidade para atracação de navios de passageiros em trecho contínuo e uma estrutura compatível para permitir profundidade de 15 metros no local”, explica o diretor, comentando que além da possibilidade dos cruzeiros atracarem mais próximo do Terminal de Passageiros, beneficiando a logística do porto como um todo, fora da temporada, um novo cais com maior profundidade para operação comercial de cargas amplia a capacidade de movimentação do Porto de Santos, além de oferecer uma instalação moderna para atendimento às embarcações da Marinha.
A expectativa é que até o final de janeiro de 2016 estejam concluídos os 267 metros que perfazem o total de 779 metros, encerrando a segunda fase da obra. Os primeiros 512 metros foram entregues em junho do ano passado (2014).
Outra obra relacionada à estrutura de cais é a execução do projeto de recuperação de 1700 metros de cais entre os armazéns 12A e 23. Além da recuperação, a estrutura é redimensionada para garantir o aprofundamento do trecho para até 15 metros, permitindo ampliar a produtividade dos embarques de açúcar pelos terminais localizados naquela área.
Trata-se de uma obra que demanda uma logística afinada com os terminais da região, pois depende de janelas entre os períodos de atracação de navios para a execução dos serviços, além de condições meteorológicas e de maré.
Os serviços envolvem a inspeção de cerca de 3.500 estacas sob a laje do cais as quais, em alguns trechos dos 1.700 metros, chegam a apresentar 90% delas com algum nível de comprometimento. Além da recuperação dessas estacas, a realização do chamado jet-grouting garantirá o reforço da estrutura do cais a partir da perfuração e injeção de colunas de concreto com perfil metálico junto a beira do cais, permitindo o posterior aprofundamento dos berços para atracação de navios de maior porte. As obras seguem mais concentradas no trecho de 630 metros entre os armazéns 12A e 15, com previsão de conclusão do jet-grouting e de recuperação de 60% nas estacas nessa extensão.
Dentre as intervenções de reforma e recuperação, destacam-se os serviços executados em píeres, ponte de acesso e tubovias do Terminal de Granéis Líquidos da Alemoa. Com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2016 e cerca de 75 por cento dos trabalhos já executados, a conclusão dos serviços permitirá o aprofundamento dos quatro berços do terminal para até 14 metros. As obras já foram concluídas nos píeres 1 e 2 e seguem nos demais berços. O serviço envolve recuperação estrutural de estacas e laje, além da reforma e ampliação estrutural de dolfins de amarração e atracação.
Sistema Viário – Quanto às obras destinadas à melhoria do sistema viário interno do Porto de Santos, o destaque fica com a primeira etapa de remodelação do trecho Alemoa/Saboó. Abrangendo uma extensão de 900 metros, o projeto prevê a execução de duas pistas com mão dupla e total de quatro faixas de rolamento. A grande vantagem dessa intervenção no viário, além de vias estruturadas para a atual carga que os veículos demandam e modernas instalações de drenagem, iluminação e sinalização, é a implantação de um acesso exclusivo ao trânsito de passagem, sem conflitar com o tráfego de veículos dedicados aos terminais daquela região. “Com a segregação entre veículos que se destinam àqueles terminais e os que entram e saem do porto, eliminamos um significativo gargalo ao escoamento de cargas em Santos”, garante o diretor de Engenharia. A obra tem previsão de atingir 25 por cento do total executado até o final deste ano.
Outro destaque quanto à remodelação do viário interno do Porto de Santos é a execução das obras e serviços de readequação da Avenida Perimetral da Margem Direita, no trecho entre o canal 4 e a Ponta da Praia. O empreendimento já tem contrato assinado e aguarda apenas a emissão da Licença de Instalação, a chamada LI, pelo Ibama, para assinatura da primeira Ordem de Serviço.
“Já cumprimos todo o protocolo para obtenção da LI junto à autoridade ambiental e é forte a expectativa de que até o final deste ano a licença seja emitida e a obra seja deflagrada já no início do ano”, estima Andrade, destacando a importância do empreendimento que eliminará um significativo gargalo naquele trecho que é o conflito entre o tráfego de contêineres e de graneis vegetais .
O ponto de destaque do empreendimento é a construção de viaduto em forma de “Y”, projetado para eliminar conflito entre os segmentos de carga conteinerizada e granéis sólidos de origem vegetal, bem como dar maior fluidez ao tráfego urbano. A obra de arte parte da Avenida Mário Covas, com 2 faixas de rolamento em cada sentido, e vai com gabarito de altura de, no mínimo 6,5 metros. O prazo para execução é de 30 meses. Com o empreendimento, as linhas férreas de acesso ao Corredor de Exportação de Granéis Sólidos de Origem Vegetal, que hoje passam no meio de terminais, serão transladadas para junto da Avenida Mário Covas.
O projeto inclui a disponibilização de quatro linhas férreas, a fim de favorecer a utilização do modal ferroviário, permitindo o adensamento de áreas naquela localidade. Por outro lado, o viaduto eliminará o conflito rodoferroviário naquela região, bem como as filas de caminhões transportando contêineres que se formam na Avenida Mário Covas.
Dragagem – Três contratos atendem aos serviços de dragagem de manutenção no Porto de Santos. A dragagem do canal de navegação que inclui, ainda, bacias e acessos a berços de atracação está dividida entre o trecho I, situado entre a Barra e o Entreposto de Pesca, e os demais trechos (II,III e IV), daquele local até a Alemoa, num total de 24,5 quilômetros.
A dragagem realizada ao longo deste ano garantiu a manutenção do calado operacional de todo o trecho I em 13,20 metros, numa extensão de 11,5 quilômetros. Nos demais trechos, que completam a extensão total do canal de navegação, a dragagem também garantiu calado operacional de 13,20 metros, com exceção do trecho compreendido entre os berços 1 e 2 da Alemoa, com tráfego de embarcações para calado máximo de 11,20 metros. Vale destacar que o calado, em toda extensão do canal de navegação, pode ser ampliado em função da variação da maré. Assim, os calados de 13,20 metros e 11,20 metros no chamado Zero DHN, podem ter acréscimo de até 1 metro na preamar com altura de maré maior ou igual a 1 metro.
Quanto à dragagem de manutenção de berços, o serviço permitiu manter as cotas de projeto em 29 berços de atracação do cais público. No total, o serviço de dragagem atingiu quase 4milhões de metros cúbicos retirados do leito do canal ao longo deste ano.
“A manutenção das profundidades tem importância estratégica para a produtividade nas operações de carga e descarga”, comenta Andrade, explicando que a partir do aumento do calado, os navios podem otimizar sua capacidade de transporte, carregando mais carga num número menor de navios. A produtividade média, calculada pelo total de carga movimentada em relação à quantidade de embarcações atracadas para operação, apontou crescimento em torno de 7 por cento ao longo deste ano. “Foi um crescimento significativo de mercadorias por navio, algo viabilizado pela garantia da profundidade ao longo do canal de navegação e berços de atracação”, explica o diretor.
Geração e distribuição de energia elétrica – A Usina Hidrelétrica de Itatinga, com capacidade de geração de 15 MVA, tem uma participação média de abastecimento da ordem de 75% da demanda total do Porto. Tal sistema elétrico conta com um programa de manutenção que atende ao complexo formado pela represa, câmara d’água, cinco tubulações de descida da serra, turbinas e geradores, além de 30 quilômetros de linhas de transmissão em 160 torres, duas grandes torres para transposição do canal do estuário, uma central elétrica e 60 subestações ao longo da margem de Santos. Em complemento, este sistema elétrico está interligado, atualmente, à concessionária local, em, no máximo, mais 8,6 MVA.
Para ampliar a garantia de pleno abastecimento, a Codesp e a Companhia Piratininga de Força e Luz (CPFL) celebraram, no dia 06 de novembro, um convênio para construção de uma subestação de distribuição de energia elétrica que terá capacidade para suprir toda a necessidade do Porto de Santos. O investimento, estimado em R$ 10 milhões, será viabilizado pela concessionária de energia elétrica e envolverá a cessão de uma área, pela Codesp, de aproximadamente 3.770 m². O convênio vigorará por um prazo de 13 anos.
A nova subestação, com capacidade final de 80 MVA, será construída em área localizada nas oficinas da Codesp. O diretor de Engenharia, Antonio de Pádua Andrade, explica que o sistema atual opera no limite e afirma que “precisamos disponibilizar, em um prazo muito curto, opções para abastecimento do Porto a fim de garantir a viabilização de futuros projetos de expansão do complexo portuário. A CPFL terá prazo de um ano para apresentar o projeto executivo e a Codesp deverá disponibilizar a área para construção da nova subestação em, no máximo, seis meses.Com esta ampliação o sistema elétrico final será expandido para 95 MVA.
Pádua explica que a expansão da usina de Itatinga é inviável tecnicamente e a nova subestação da CPFL será dimensionada para atender as necessidades dos usuários. O diretor de Engenharia ressalta, ainda, que a concessionária, há cerca de três anos, já vem passando os cabos de transmissão de energia para o novo sistema em toda a região do Porto, desde a subestação Vila Nova, próxima ao Mercado Municipal de Santos, até a subestação Estuário, na Ponta da Praia. O novo sistema elétrico também permitirá padronizar a tensão de distribuição em 13.8 KV. Com isso, haverá ganhas adicionais nos circuitos elétricos de distribuição da Codesp.
A concessão da Codesp para operação da usina e distribuição de energia venceu em junho deste ano e a Agência Nacional Energia Elétrica (Aneel), após o atendimento pela Companhia de todas as exigências do órgão regulador, decidiu recomendar ao Ministério de Minas e Energia (MME) a cessão à Codesp dos bens vinculados à hidrelétrica e dos ativos de distribuição de energia elétrica para possibilitar a continuidade da prestação dos serviços públicos, determinando o encaminhamento do processo ao MME para as providências necessárias.
O diretor Pádua comentou que aguarda, com expectativa, a cessão pelo MME e que a definição é fundamental para o planejamento de investimentos e otimização do complexo no abastecimento de energia para o Porto de Santos.
Ainda no setor de eletricidade, a companhia adquiriu 4 geradores para garantir fornecimento de energia em edificações consideradas estratégicas, como os prédios da área de operações, da área administrativa, da presidência e da área operacional da usina de Itatinga. Até o final deste ano, deve-se concluir a instalação dos equipamentos para entrada em operação.
Tratamento de água e esgoto – Tal qual a energia elétrica, o Porto de Santos também dispõe de sua própria instalação de tratamento de água potável e esgoto nas duas margens do estuário que, ao longo deste ano, atingiu fornecimento de água de quase 750 mil metros cúbicos e de cerca de 322 mil metros cúbicos, além da rede específica para fornecimento de água de reuso.
Meio ambiente – O setor de meio ambiente atuou neste ano no licenciamento e gerenciamento ambiental das obras de recuperação estrutural de píeres da Alemoa e do trecho de cais entre os armazéns 12A e 23, da melhoria do sistema viário do Saboó e da obra de reconstrução do cais em Outeirinhos.
Para o gerenciamento ambiental, são realizadas vistorias rotineiras com acompanhamento das questões de cunho ambiental como gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes, gerenciamento de emissões atmosféricas, gerenciamento de ruídos e vibrações, gerenciamento de transporte e abastecimento de veículos e equipamentos, controle de vetores, segurança dos trabalhadores, comunicação social, educação ambiental e desmobilização do canteiro de obras.
Quanto à regularização ambiental do Porto de Santos, desde o início do segundo semestre, o setor segue em atendimento às demandas da autoridade ambiental, estimando que até o final de 2015 as revisões do programa estejam finalizadas.
A regularização ambiental do Porto de Santos é um processo de licenciamento ambiental estabelecido através de portarias interministerial e do Ministério do Meio Ambiente de 2011. A Codesp protocolou no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 2012, o estudo ambiental necessário a este processo. O Ibama emitiu, em Julho de 2015, um parecer solicitando a revisão e adequação de diversos programas ambientais. A necessidade de revisão decorre, principalmente, do grande espaço de tempo entre o protocolo do estudo ambiental e a análise do Instituto, pois, neste período muitos instrumentos legais foram instituídos, de forma que as ações propostas à época não atendem aos preceitos legais vigentes hoje, necessitando, portanto, de atualização.
Na gerência de Meio Ambiente estão sob revisão os seguintes temas: gerenciamento de resíduos sólidos, qualidade do ar, passivos ambientais, comunicação social, regularização fundiária e monitoramento da fauna terrestre.
Mais uma ação da área ambiental da Companhia foi a coleta de resíduos perigosos e especiais. Através do programa, foram retirados para reciclagem quase 10 mil lâmpadas, 99,5 toneladas de madeira, 57 toneladas de pneus e 2.565 toneladas de plástico, além do recolhimento de outros resíduos.
Outra ação de destaque foi a elaboração de estudo de modelagem de transporte e dispersão de óleo no Porto Organizado de Santos, contemplando simulações de derramamentos de óleo em 27 pontos localizados na região do Porto de Santos e suas áreas de fundeio. Os vazamentos compreendem derrames de óleo diesel e óleo combustível marítimo, em diversos cenários com diferentes condições. Foi desenvolvido um software para visualização de resultados. O estudo gerado e seus subprodutos já foram entregues e deverão compor o Plano de Emergência Individual (PEI) do Porto de Santos.
Quanto às ações de controle ambiental, foi realizado em regime continuado o atendimento 24 horas a emergências envolvendo riscos ao meio ambiente. A dragagem de manutenção do canal de navegação e área do polígono de descarte e disposição oceânica demandou a continuidade do programa de monitoramento ambiental de áreas dragadas, bem como os serviços de caracterização dos sedimentos dos berços de atracação, áreas de acesso e canal de navegação.
Relações com o mercado e movimentação de cargas
O diretor de Relações com o Mercado e Comunidade, Francisco José Adriano, afirma que a expectativa mais otimista da Codesp, no que se refere à movimentação de cargas, foi superada em 2015 pelo Porto de Santos, visto que os números já consolidados apontam para o estabelecimento de um novo recorde histórico. Adriano comenta que esse resultado expressivo ocorre apesar da economia mundial apresentar desempenho abaixo do esperado, com expansão estimada em 3,1% pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), inferior ao patamar de 3,4% observado em 2014. Para as exportações está previsto um aumento de 13,1% em relação à 2014 e para as importações uma retração de 6,4%. Os granéis sólidos devem crescer em torno de 10,0%, enquanto para a carga geral está previsto aumento de 4,6% e de 4,2% para os granéis líquidos.
As economias avançadas melhoraram seu desempenho, com destaque para a gradual recuperação dos Estados Unidos e o maior dinamismo da Zona do Euro, apoiado na renegociação da dívida grega e na adoção de um pacote de estímulo monetários que contribuiu para que o desemprego na região atingisse, em outubro, o menor patamar desde janeiro de 2012 (10,7%). Entretanto, o desempenho dos países emergentes mostrou mais uma vez desaceleração frente ao ano anterior. A situação da economia chinesa foi motivo de intensa preocupação nos mercados internacionais ao longo do ano.
A persistência da desaceleração chinesa e o movimento de apreciação do dólar, derivado da percepção de que o início do processo de elevação das taxas de juros nos Estados Unidos estava próximo, alimentaram a continuidade do ciclo de queda nos preços das commodities nos mercados internacionais. As commodities agrícolas não ficaram imunes a essa tendência, mesmo após um ano difícil como foi o de 2014, quando os preços caíram, significativamente, em resposta a uma combinação entre demanda retraída e a confirmação de uma supersafra norte-americana de soja e milho, que elevou a oferta global.
Os preços da soja em grãos e do farelo foram os que mais sentiram a retração, que ficou em torno de 28%. No caso da soja em grãos, os preços praticados em outubro de 2015 eram inferiores aos registrados em 2009. O açúcar também viu sua cotação nos mercados internacionais encolher em torno de 15%. O milho também sofre com mais um ano de retração nos preços, que ficou em torno de 11%. O Brasil não passou ileso aos efeitos negativos desse complexo cenário internacional. O real sofreu forte desvalorização, iniciando o ano com uma cotação de R$ 2,65, chegando a R$ 4,24 ao final de setembro, tendo recuado para o patamar médio atual de R$ 3,80, o que corresponde a uma desvalorização de 44,2% no ano.
O que se vê ao final de 2015, portanto, é um cenário bastante diferente do previsto para a economia brasileira antes do início do ano, que comprometeu, significativamente, as importações.
A forte desvalorização do real frente ao dólar e às principais moedas estrangeiras trouxe, contudo, efeitos benéficos para as exportações brasileiras, ao aumentar a competitividade dos seus produtos nos mercados internacionais. A soja e o milho foram as primeiras commodities a se beneficiarem do novo cenário, tendo em vista que tiveram seus preços elevados no mercado interno ao longo do ano.
Diante disso, os produtores aproveitaram para aumentar a produção e acelerar os embarques. O volume anual de milho a ser embarcado pelo Porto de Santos deverá atingir a marca recorde de 14,7 milhões de toneladas, ultrapassando o total estimado para a soja, que deve se situar em torno de 13,0 milhões de toneladas. As condições climáticas excelentes durante o primeiro semestre propiciaram o rápido escoamento da safra de soja pelo complexo santista, contribuindo para antecipar a disponibilidade de infraestrutura para os embarques de milho, que, aliada ao sistema de agendamento de chegada de caminhões ao porto, propiciaram uma logística mais eficiente para escoamento das safras agrícolas, sem o registro de congestionamentos.
A soja foi beneficiada, também, pela safra recorde e pela forte demanda chinesa pelo produto. Os embarques por Santos devem apresentar o segundo melhor resultado da série histórica, ficando abaixo, somente, do volume embarcado em 2013.
No caso do açúcar, Santos manteve a liderança (em torno de 73%) nos embarques no sistema portuário nacional e deve encerrar o ano com um total próximo a 17,8 milhões de toneladas embarcadas, mais 3,4%. Esse resultado ocorre mesmo com o setor ainda vivenciando dificuldades com a oferta global elevada e os preços internacionais baixos, que motivaram os produtores a privilegiarem a produção de etanol para abastecimento do mercado interno.
O Porto de Santos foi favorecido, também, pela crescente demanda de carga conteinerizada, especialmente, na navegação de cabotagem. Até outubro foram movimentados 2,066 milhões de contêineres, quantidade recorde para o período e correspondente a um incremento de 5,1% ante o recorde anterior, registrado em 2014. Com esse desempenho, que reflete o crescimento das unidades transportadas por navegação de longo curso (+1,9%) e cabotagem (+35,9%), a liderança do Porto de Santos no cenário portuário nacional nessa modalidade foi ampliada para 40,6%.
No mês de agosto deste ano o complexo santista atingiu um novo recorde mensal histórico de movimentação, chegando a 11,365 milhões de toneladas. Novos recordes também foram estabelecidos para os meses de fevereiro, maio, julho, setembro e outubro, com possibilidade de registro de novas marcas nos meses de novembro e dezembro. No segmento de contêineres, foi registrado novo recordo histórico mensal em julho, com 236.866 unidades.
Cabe destacar o contínuo fortalecimento da navegação de cabotagem em Santos, cuja participação cresceu de 12,6%, no acumulado até outubro de 2014, para 13,7% no mesmo período deste ano. Esse crescimento é demandado pela grande expansão da quantidade de contêineres transportados por essa modalidade, com crescimento de 35,9% de janeiro a outubro. O diretor Adriano destaca que “tal desempenho reforça a tendência de Santos se consolidar como um importante porto concentrador, corroborada, também, pela evolução do transbordo de contêineres”.
Quanto à corrente de comércio, em 2015 o Porto de Santos ampliou sua participação, em valor, para 27,3%, patamar superior à soma dos portos que ocupam da segunda à sexta posições no ranking nacional. Considerando apenas as cargas transportadas através dos portos brasileiros, a essa participação sobre para 35,0% (em 2014 se manteve em 32,3%).
2016
Diante do cenário econômico nacional e internacional esperado para 2016 e com base nas informações fornecidas pelos terminais portuários, projeta-se para o próximo ano um movimento em torno de 119,6 milhões t, um crescimento de 0,5% sobre aquele projetado para 2015. Para a carga geral foi estimado aumento de 1,39%, para os granéis líquidos 0,22% e para os granéis sólidos uma retração de 0,07%.
Setores mais vinculados ao desempenho do nível de atividade interno, como os de granéis líquidos e cargas conteinerizadas, tendem a apresentar um desempenho mais próximo à estabilidade em relação a 2015, com o aumento das exportações sendo compensado pela provável retração das importações.
Beneficiadas pela elevação dos preços internos e pela demanda internacional ainda elevada, que alimentam a perspectiva de nova safra recorde, as exportações de soja tendem a crescer, significativamente, em 2016. A estimativa mais recente da Conab para a safra 2015/2016 é de novo recorde na produção de grãos, que deverá situar-se entre 208,6 milhões t e 212,9 milhões t, um acréscimo de até 2,1% em relação à safra 2014/2015, com destaque para o desempenho da soja, com crescimento estimado entre 5,1% e 6,8% (entre 101,1 milhões t e 102,8 milhões t). A perspectiva para o milho, entretanto, é de baixa, mesmo porque 2015 foi um ano de desempenho histórico dessa commodity.
As projeções da Codesp levam em conta um cenário internacional favorável à expansão do comércio mundial de bens e serviços, com um crescimento estimado em 4,1%, contra 3,2% previsto para 2015, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na visão do FMI, as economias avançadas devem apresentar uma pequena aceleração no crescimento em 2016, principalmente nos Estados Unidos, mas as perspectivas de médio e longo prazos permanecem restritas devido a uma combinação de baixo investimento, demografia desfavorável e fraco crescimento da produtividade. Por outro lado, o significativo declínio no preço do petróleo e de outras commodities favorece a elevação do consumo nestas economias.
Para os países emergentes e em desenvolvimento, o FMI também estima uma aceleração do crescimento em 2016, refletindo um quadro menos recessivo em economias fortemente afetadas em 2015 (incluindo Brasil, Rússia e alguns países da América Latina e Oriente Médio). Para a China é previsto a manutenção da trajetória de desaceleração gradual, com um crescimento estimado em 6,3%, ante 6,8% em 2015.
Estimativas por segmento de cargas para 2015 e 2016
Carga geral
O segmento de carga geral no Porto de Santos se manteve em alta durante boa parte do ano. Assim, a expectativa é encerrar 2015 com um volume de 45,7 milhões t, 4,6% a mais do que 2014. Para 2016 é esperado um crescimento em torno de 1,4%, devendo chegar a 46,4 milhões t, impulsionado pela movimentação de contêineres, veículos e celulose.
Contêineres – A projeção é que a carga conteinerizada supere em 0,35% o recorde anual registrado em 2014 (3,684 milhões teu), chegando a 3,697 milhões teu. A expectativa para 2016 é que a carga conteinerizada atinja 3,735 milhões teu.
O Porto de Santos se manteve na primeira posição, entre os portos da América Latina, no ranking dos principais portos do mundo na movimentação de contêineres, conforme divulgado pela publicação especializada “One Hundred Ports – 2014”, das revistas britânicas Lloyd’s List e Conteinerisation International, subindo uma posição em relação ao ranking anterior.
As operações de cabotagem devem registrar forte crescimento em 2015, e uma participação em torno de 13,7% na movimentação de cargas conteinerizadas. Além dos investimentos em embarcações mais modernas e maiores, o setor tem ampliado sua oferta de serviços e rotas, tendo em vista um potencial de movimentação que pode crescer significativamente.
Carga solta – Estima-se que esse segmento de carga totalize 4,381 milhões t em 2015, retração de 6,2% em relação a 2014, refletindo a queda estimada em 82,2% nos embarques de açúcar em sacos e de 1,2% nas exportações de celulose. Para 2016 espera-se crescimento em torno de 1,7%, atingindo 4,456 milhões t, impulsionado pela esperada recuperação da celulose e pela tendência de aumento nas exportações de veículos.
Celulose – Embora a desvalorização do real frente ao dólar venha garantindo a competitividade da celulose brasileira no mercado internacional, a movimentação de celulose no Porto de Santos deve apresentar uma retração de 1,2% no acumulado de 2015, totalizando com cerca de 3,394 milhões t. Para 2016 a expectativa é de um cenário internacional bastante favorável ao setor, com demanda fortalecida e uma cotação do real ainda mais favorável à competitividade do produto brasileiro. Esse cenário deve incentivar a indústria do setor a dispor de um volume ainda maior para exportações, levando a Codesp a estimar para o próximo ano um aumento de 3,1% (3,499 milhões t) sobre o resultado previsto para 2015.
De acordo com informações do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no movimento acumulado deste ano, até novembro, a participação do Porto de Santos nas exportações brasileiras do produto reduziu de 28,0%, nesse período de 2014, para 25%, em 2015, devido ao aumento da produção em unidades instaladas fora da área de influência do Porto de Santos.
Veículos – A movimentação de veículos deve registrar um crescimento próximo a 8,4% neste ano. Esse aumento significa uma recuperação considerável diante da queda de 41,2% registrada em 2014. São muitas as incertezas para o setor automobilístico no ano que vem. Entretanto, as exportações devem ser favorecidas, em função da alta do dólar e diante da perspectiva de recuperação parcial da economia argentina em 2016. Além disso, a possibilidade de ampliação em novos mercados, aproveitando o câmbio favorável e um cenário internacional mais promissor, nos leva a estimar uma elevação de 8,2% nas exportações. Já as importações devem sentir os efeitos da valorização do dólar e a diminuição da disponibilidade de crédito no mercado nacional, o que deverá provocar uma queda nos desembarques em torno de 14,8%. Nos dois fluxos, espera-se um crescimento em torno de 1,8% na movimentação de veículos em 2016, ante a previsão para 2015.
Líquidos a Granel
A movimentação de líquidos a granel deverá totalizar 15,607 milhões t em 2015, um avanço de 4,2% em relação ao desempenho verificado em 2014. Destacam-se nesse segmento o ácido fosfórico e o álcool, com crescimentos estimados de 29,5% e 28,4% em relação a 2014, respectivamente. Já os xilenos e o óleo de origem vegetal, devem apresentar quedas de 51,8% e 39,3%. Para 2016 estima-se que haja estabilidade na movimentação deste segmento de carga. As maiores variações positivas deverão ser registradas pelo álcool e sucos cítricos. As maiores retrações deverão ocorrer nas movimentações de óleo de origem vegetal, óleo diesel e gasóleo.
Álcool – Os embarques de álcool em 2015 deverão apresentar crescimento de 28,4% em relação a 2014, totalizando 1,693 milhão t. O cenário para o setor sucroalcooleiro está mais promissor com o ciclo de alta nas cotações de açúcar no mercado internacional, em consequência do déficit da safra. Essa conjuntura contagiou, ainda mais, o setor alcooleiro que já estava em alta com a forte demanda doméstica. Embora a maior abertura do mercado norte-americano ao etanol de cana seja o grande responsável pelo expressivo crescimento dos embarques em 2015, o Brasil não deve se beneficiar muito mais em 2016. Diante deste cenário e do forte crescimento observado em 2015, estima-se que em 2016 haverá um aumento moderado dos volumes exportados de álcool através do Porto de Santos, devendo ficar próximo ao patamar de 1,727 milhão t, crescimento de 2,0%.
Sucos Cítricos – As exportação de suco cítrico pelo complexo santista deve atingir volume próximo a 2,018 milhões t em 2015, cerca de 2,3% a mais do que em 2014. Após um recuo de 15% entre 2014 e 2015, resultado da queda do consumo global com a substituição por outras bebidas, o consumo mundial de sucos aponta para uma recuperação em 2016. Segundo dados da CitrusBR, ao final de junho de 2016, os estoques deverão ser 25% menores em relação à safra passada. Considerando essa expectativa de ajuste adequado da oferta à demanda e uma taxa de câmbio benéfica às exportações brasileiras, estimamos um crescimento de 7,8% nos embarques do produto em 2016.
Sólidos a Granel
Essa modalidade de carga deve encerrar 2015 como o principal destaque na movimentação, com alta de 9,9% em relação a 2014, devendo totalizar 57,670 milhões t. Com isso haverá um aumento de 5,214 milhões t no volume de granéis sólidos que passarão pelo complexo santista. Os destaques nessa modalidade serão o milho, com aumento previsto de 66,5%, o complexo soja com 6,8%, e o açúcar com 2,9%. Caso essas projeções se confirmem, a participação dos graneis sólidos no total movimentado pelo Porto de Santos subirá para 48,5%. Em 2014 a participação foi de 47,2%.
Para 2016 estima-se um volume próximo a 57,6 milhões t. Dentre as principais mercadorias que integram essa modalidade, devem apresentar as maiores taxas de crescimento em relação a 2015 o trigo (18,3%), o adubo (11,6%), o farelo de soja (7,1%) e a soja em grãos (5,4%). Já a movimentação de milho e enxofre devem apresentar retrações de 7,6% e 5,7%, respectivamente. A movimentação de minério de ferro e carvão é realizada pelo terminal portuário da Usiminas. Assim, o volume dependerá da decisão da empresa quanto à sua planta produtiva em Cubatão.
Açúcar – O açúcar permaneceu, mais uma vez, como o produto de maior tonelagem movimentado no complexo santista. O volume embarcado em 2015 foi favorecido pelo câmbio e preços favoráveis. A expectativa é que o resultado anual fique em torno de 16,188 milhões t, alta de 2,9% em comparação com 2014. Após cinco safras de baixa, o açúcar entra em um ciclo de alta no mercado internacional. As perspectivas da Biosev, segunda maior produtora de açúcar e etanol no Brasil, é de avanço do preço médio do açúcar da safra 2015/2016, na medida em que os embarques internacionais forem realizados. A perspectiva de movimentação do produto para 2016, portanto, é de crescimento.
Milho – O milho deve encerrar este ano como a carga de maior crescimento em nosso porto em relação a 2014, cerca de 5,9 milhões t a mais. A expectativa é que o volume seja recorde e chegue a 14,759 milhões t, superando, inclusive, a movimentação de soja em grãos. Isso significará um avanço de 66,5% em relação ao ano anterior (8,864 milhões t). A forte desvalorização do real em 2015 elevou, significativamente, a competitividade do milho brasileiro nos mercados internacionais, ao mesmo tempo que reduziu a competitividade do grão produzido nos Estados Unidos. Além disso, elevou os preços pagos ao produtor nacional, que se sentiu estimulado a plantar e colher uma safra muito maior do que a estimada no início do ano.
Para a safra 2015/16, entretanto, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu sua estimativa de exportação global de milho em 2,7 milhões t, devendo se situar em 119,3 milhões t, mesmo com a elevação em 2,3 milhões de toneladas da produção mundial (totalizando 974,9 milhões t). Tais variações refletem, principalmente, os ajustes na safra norte-americana, que teve suas estimativas de produção e exportação revisadas para, respectivamente, 346,8 milhões t e 45,7 milhões t.
Já para a safra brasileira, foi ampliada a projeção de produção em 1,5 milhão t, devendo ficar no patamar de 81,5 milhões t, enquanto a exportação foi mantida em 25,0 milhões t, o que corresponde a uma retração de 19,4% em relação à safra 2014/2015. Segundo o Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2015/2016 – Segundo Levantamento (Novembro/2015) da Conab, a produção nacional do grão deverá cair entre 4,2% e 2,3% na safra 2015/2016, em resposta ao recuo máximo esperado de 3,6% na área plantada. Diante desse cenário estima-se uma retração de 7,6% nos embarques de milho em 2016 (13,630 milhões t).
Soja em grãos – A soja perdeu para o milho a vice-liderança entre as cargas mais movimentadas no porto santista. Apesar da oferta global abundante e os preços em patamares mais baixos, a desvalorização do real frente ao dólar garantiu a competitividade e o bom desempenho do grão brasileiro no mercado internacional. Para o ano, a expectativa é totalizar os embarques em 13,152 milhões t, alta de 4,7% ante o resultado obtido em 2014.
Para 2016, as projeções apontam para mais uma safra recorde. Conforme o Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2015/2016 – Segundo Levantamento (Novembro/2014) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja da região Centro-Oeste deverá crescer entre 5,1% e 6,2%, enquanto para o Brasil a estimativa é de crescimento de 5,1% a 6,8%, chegando a um volume em torno de 102,0 milhões t. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou para 57,0 milhões de toneladas a estimativa de exportações brasileiras de soja na safra 2015/2016, 11,5% acima do volume estimado para os embarques deste ano (51,1 milhões de toneladas).
As estimativas apontam que em 2016 serão embarcadas pelo Porto de Santos um total de 13,9 milhões t de soja em grãos, crescimento de 5,3% em relação ao estimado para 2015 (13,2 milhões t).
Farelo de Soja – Os sucessivos recordes na produção nacional de soja em grãos, o aumento do consumo mundial de proteína animal e a forte desvalorização do real levaram a um significativo aumento do volume embarcado de farelo de soja no complexo portuário santista. Para 2015 a estimativa é que as exportações do produto cheguem a 4,524 milhões t, incremento de 16,0% sobre o resultado de 2014. Diante da expectativa de novo recorde na safra de soja em 2016 e a manutenção do cenário favorável ao setor, estima-se novo crescimento para 2016, em torno de 7,1%, chegando ao patamar de 4,620 milhões t.
Fluxo de Navios
Após um pequeno recuo na consignação média, observado em 2014, o Porto de Santos voltou a apresentar incremento no volume médio de carga transportada por navio em 2015, devendo passar de 22.516 t/navio para 24.262 t/navio, um crescimento de 7,76%. Essa performance é resultado das intervenções realizadas pela Autoridade Portuária e pelos terminais visando à manutenção do calado operacional do porto em 13,2 metros e a continuidade das obras de compatibilização de berços e bacias de evolução, incentivando a presença de navios de maior capacidade.
Outros fatores favoráveis à elevação da consignação média foram a maior demanda pelos embarques de granéis sólidos (especialmente milho, soja e açúcar) e o aumento no porte dos navios dedicados ao transporte de contêineres, cuja consignação média aumentou em 10,63% até outubro.
Para 2016 é esperada a continuidade das intervenções, objetivando a manutenção da profundidade do canal e a adaptação dos berços de atracação. Por outro lado, não são esperadas mudanças significativas no perfil dos navios que frequentarão o complexo santista, nem no volume total de cargas movimentadas. Assim, estima-se que o fluxo de navios atracados fique praticamente estável, elevando a consignação média para o patamar de 24.383 t por navio (alta de 0,5% em relação a 2015).
O diretor Adriano explica que o crescimento experimentado na movimentação de cargas neste ano “vem acompanhado por um trabalho de modernização da infraestrutura e da gestão pela busca de estratégias que incrementem a competitividade do porto”.
Segundo o diretor, as novas tecnologias que estão sendo implementadas se converterão em ferramentas de melhora do conjunto dos serviços portuários, a exemplo do Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações, o Vessel Traffic Management Information System (VTMIS), do sistema de gerenciamento para controle de tráfego terrestre na área portuária e do sistema Porto Sem Papel, da SEP.
Além dos investimentos públicos no porto, Adriano destaca que o setor privado também está investindo maciçamente na transformação das instalações e no parque de equipamentos dos terminais portuários. Segundo o diretor, os leilões realizados no último dia 9 de dezembro e aqueles previstos dentro do Programa de Arrendamentos da SEP permitirão incrementar, ainda mais esse processo.
A área do STS 04, que totaliza 46.800 m² destinados à operação de granéis sólidos de origem vegetal, na região da Ponta da Praia, foi arrematado pelo Consórcio Cargill-LDC. O lote divide-se, atualmente, em dois contratos, cujos detentores são as empresas Fischer Agroindústria S/A e o Pool do Corredor de Exportação, composto pela Louis Dreyfus, Coinbra-Frutesp e Citrovita. Até o momento, cada empresa deveria movimentar um volume mínimo de 25.000 t/mensais, totalizando 600.000t/ano.
O novo contrato, no entanto, exige que, após a realização dos novos investimentos previstos para ocorrer a partir do terceiro ano, o vencedor do certame realize uma movimentação mínima da ordem de 3,9 milhões de toneladas. As movimentações passarão a 4 milhões no quarto ano, culminando com o volume de 4,1 milhões no quinto ano.
O lote STS 07, que totaliza 33.000 m², encontra-se atualmente ocupada pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), empresa pertencente ao mesmo grupo da vencedora da disputa, a Fíbria Celulose S/A. De acordo com o Contrato vigente, o terminal tem a obrigação de movimentar 17.620 t/mês, correspondendo a 211.440 t anuais. Os termos para o novo contrato exigirão uma operação de 1,6 milhão de toneladas a partir do quinto ano de vigência.
A área situada no Paquetá, STS 36, possui 22.500 m² e não se encontra em operação. A empresa Marimex, que já explora uma área de 95.543,86 m² no Porto de Santos, foi a única a participar do certame, sagrando-se vencedora.
Operações Logísticas
“Tivemos significativos avanços ao longo deste ano no que se refere à chegada da carga no Porto de Santos”, explica o diretor de Operações Logísticas, Cleveland Sampaio Lofrano. O diretor ressalta que o complexo santista registrará novo recorde de movimentação, ficando bem acima da projeção otimista feita pela empresa no início do ano, sem a ocorrência de congestionamentos. “A implantação e aprimoramento do sistema de agendamento de caminhões, inicialmente através do Sistema de Gerenciamento de Tráfego de Caminhões (SGTC) e, posteriormente, em fase de testes, pelo Portolog, foi estratégica para evitar congestionamentos e proporcionar sincronismo às operações portuárias. É essencial tudo estar em sintonia para que o porto funcione com eficiência”, afirma Lofrano.
O diretor de Operações Logísticas revela que no próximo dia 17 de fevereiro ocorre um fórum em Santos para tratar do Plano Safra 2016. Segundo Lofrano o Porto de Santos vem se preparando para receber volumes cada vez maiores de cargas sem a ocorrência de congestionamentos. “Trabalhamos muito para identificar e solucionar pontos de gargalos, a fim de que o embarque da safra agrícola ocorra sem conflitos no Porto de Santos”, explica.
Segundo o diretor, esse trabalho é contínuo e envolve a Secretaria de Portos, as agências reguladoras de Transportes Aquaviário (Antaq) e Terrestre (ANTT), a Codesp, os demais órgãos públicos que atuam no porto, terminais portuários, pátios reguladores, Ecovias, a Polícia Rodoviária Federal, a Companhia de Engenharia de Tráfego, a Polícia Militar, as prefeituras de Santos, Guarujá e Cubatão e governos dos estados envolvidos. “Todos atuam juntos para minimizar problemas”, diz o diretor, acrescentando que nessa reunião serão definidas as ações que caberão a cada um durante a chegada da safra ao porto.
O diretor revela que o sistema está desenvolvido, em fase de ajustes e melhorias identificados no processo piloto de implantação realizado com os terminais de granéis sólidos de origem vegetal. Nesta primeira fase, será interligado aos leitores de Optical Character Recognitio (OCR), já instalados em gates públicos e terminais privados.
A Codesp deve deflagrar as licitações no primeiro semestre de 2016 para contratação do projeto básico e executivo e para implementação da infraestrutura, no sentido de dotar o Porto de Santos, seus acessos e gates públicos com instalação de equipamentos de antenas de rádio frequência, Rádio-Frequency Identification (RFID), redes e respectivos softwares. Englobarão, ainda, o desenvolvimento de software integrador e a construção de dois portais, sendo um na margem de Santos e outro na margem de Guarujá.
Terminais e pátios também instalarão suas antenas para a entrada em operação plena do Portolog. A expectativa é que o sistema entre em operação definitiva em 2016. A Codesp, juntamente com a SEP, terminais e associações representativas, está alterando o atual regramento para suportar o Portolog quando esse sistema entrar em operação.
Sobre o acesso da malha ferroviária que se destina a Santos, Lofrano destaca a necessidade de construção do Ferroanel, a fim de ampliar a participação desse modal no transporte de cargas. “Essa participação vem crescendo nos últimos anos, mas é primordial criar condições adequadas para que a matriz de transportes do porto chegue a um patamar ideal, a fim de equilibrar nossa matriz de transportes”, afirma o diretor. Segundo o executivo, pretende-se, futuramente, estender o agendamento também às composições ferroviárias, conforme ocorre com o modal rodoviário, obedecendo a uma programação conjunta entre as concessionárias, através de uma central de controle. “Essa medida poderá eliminar os conflitos observados entre os dois modais de transporte”, diz o diretor.
Ainda com relação à acessibilidade, foi iniciada neste ano a implantação do sistema de gerenciamento do tráfego de embarcações, o Vessel Traffic Management Information System (VTMIS), após a conclusão do projeto executivo. Esse suporte eletrônico à navegação é dotado de sistema, radares, câmeras de longo alcance e equipamentos meteoceanográficos, com capacidade para prover a monitoração ativa do tráfego aquaviário e o conjunto de informações necessárias à tomada de decisão sobre o melhor uso dos acessos aquaviários ao Porto de Santos.
O sistema é fundamental para o complexo santista, que opera quase 6 mil navios por ano. Serão disponibilizadas informações para o tráfego marítimo dentro do porto, nos berços de atracação e para controle de questões ambientais, ampliando também a segurança da vida humana no mar e apoio em situações de emergência ou de risco de acidente de grandes proporções. Além disso, o sistema proporcionará melhoria na logística, aumento na eficiência e produtividade do complexo portuário santista.
A Codesp está executando as obras na instalação que abrigará o Centro de Controle do VTMIS e a conclusão dos trabalhos está prevista para março de 2016. Além disso, a Autoridade Portuária está finalizando a formalização do convênio com a Marinha do Brasil para implantação da estação remota na Ilha da Moela e do Termo de Cessão de Uso com o Exército, no Forte Itaipu.
Para 2016 estão previstos a aprovação do Plano de Trabalho e do Projeto Executivo do VTMIS, as obras das quatro estações remotas e instalação de equipamentos oceanográficos, meteorológicos, radares, câmeras de longo alcance, entre outros. Está previsto, ainda, para o próximo ano, a instalação, testes e integração do sistema.
Assessoria de Comunicação Social
Companhia Docas do Estado de São Paulo