Aumento em relação a 2016 deve ser de quase 10 milhões de toneladas, equivalente a um mês de movimentação
O Porto de Santos deve chegar ao final de 2017 com a movimentação de mais de 123 milhões de toneladas de cargas. A expectativa é conservadora (ou seja, não leva em conta o cenário mais otimista da Economia) e se baseia nas projeções feitas pela Gerência de Estatísticas da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). A projeção anterior, feita no início do ano, era de 122 milhões de toneladas. O número é cerca de 10 milhões de toneladas maior que o registrado em 2016 (113,81 milhões de toneladas), equivalente a cerca de um mês de movimentação.
A nova projeção de crescimento de movimentação de cargas está baseada nos indicativos dos terminais portuários para o segundo semestre e nos números já consolidados do primeiro semestre, quando o recorde histórico mensal foi batido em maio, com o registro de 11,39 milhões de toneladas. Nos cinco primeiros meses do ano, o número ultrapassou os 50 milhões de toneladas e deve passar de 60 milhões no total do semestre.
Os produtos ligados ao agronegócio se mantêm como os impulsionadores do crescimento da movimentação no cais santista. Ainda assim, a quantidade de cargas diversas não-especificadas cresceu no movimento acumulado do ano (até maio), representando cerca de 1/4 das exportações (9,0 milhões do total de 36,13 milhões de toneladas) e mais da metade das importações (8,27 milhões do total de 13,86 milhões de toneladas).
Soja
O Complexo Soja (soja em grãos e farelo) deve ser a principal carga movimentada em 2017 no Porto de Santos (superando o açúcar, maior até o ano passado). Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a perspectiva para a produção nacional de soja, no nono levantamento da safra 2016/17, é de que seja atingido o patamar de 113,92 milhões t colhidas (+19,4%), ante 95,43 milhões de toneladas da safra 15/16. A colheita do maior estado produtor, Mato Grosso, foi estimada em 30,51 milhões de toneladas, alta de 17,2% em relação ao volume da safra anterior, de 26,03 milhões t. Quanto aos estados exportadores de soja em grãos, 50,79% do grão movimentado pelo Porto de Santos teve como origem o estado de Mato Grosso, 17,80% de São Paulo, 14,04% de Goiás, 9,13% de Minas Gerais e 5,37% de Mato Grosso do Sul.
A retomada das operações na hidrovia Tietê-Paraná permitiu o uso mais intensivo do modal ferroviário para trazer o produto ao Porto de Santos, contribuindo para elevar a participação do complexo no total de soja embarcada nos portos nacionais. Conforme dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Porto de Santos foi o porto que mais exportou soja em grãos nos primeiros cinco meses de 2017, com participação de 34,9% do total escoado da oleaginosa através dos portos nacionais, seguido pelos portos de Paranaguá (16,3%) e Rio Grande (13,4%).
A projeção da Codesp para 2017 é que o complexo soja cresça em torno de 5,7% sobre o ano passado, com a marca de 19,96 milhões de toneladas (18,88 milhões em 2016).
Açúcar
Para o açúcar é esperado um bom desempenho, com crescimento de cerca de 3,8% sobre 2016, alcançando por volta de 19,13 milhões de toneladas (no ano passado o registro foi de 18,43 milhões t). É uma retração na expectativa anterior, do início do ano, quando foram estimadas mais de 20 milhões de toneladas para 2017. A redução da projeção se deve ao atraso de aproximadamente 16 milhões de toneladas no processamento da cana pelas usinas e à queda da safra. Segundo os dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a safra 2017/18 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil registrou a marca de 151,25 milhões t processadas no período compreendido entre o início da safra (em abril/17) até 16 de junho de 2017, o que corresponde a uma retração de 9,62% em relação ao mesmo período da safra anterior.
Milho
O milho deve ser o 3º produto na movimentação em 2017. Depois da safra recorde em 2015 – o que impactou os índices de 2016, que registraram queda -, a commodity volta a apresentar indicadores expressivos, com a projeção da movimentação de 12,59 milhões de toneladas (crescimento de 59,7% sobre 2016).
Os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam crescimento de 31,4% na produção total de milho em relação ao ciclo 2015/16, devendo atingir 87,41 milhões t. Esse desempenho deverá ser resultado do crescimento de 11,5% da primeira safra (28,82 milhões de t) e 44,0% previsto para a segunda safra, que deverá totalizar 58,59 milhões t. A estimativa para a colheita total do maior estado produtor, Mato Grosso, é de que seja atingido o patamar das 23,19 milhões de toneladas (51,9% ante a safra anterior).
Adubo
Principal carga de importação em quantidade, a movimentação de adubo registrou alta de 44,2% nos primeiros cinco meses do ano em relação ao período de 2016. A perspectiva inicial de um crescimento em torno de 6,3% em 2017, chegando a 3,565 milhões t, foi ajustada para 3,92 milhões t (cerca de 10% de crescimento).
Contêineres
A expectativa para a carga geral conteinerizada é atingir 3,66 milhões TEU (unidade padrão equivalente a um contêiner de 20 pés), subindo a projeção do início de 0,5% para 2,6% sobre o movimentado em 2016 (3,56 milhões TEU). O resultado deve ser alcançado devido à esperada retomada do nível de atividade econômica no país, o que aumenta a competitividade dos produtos brasileiros de maior valor agregado, e a importação de carga geral. Também o Porto de Santos deve se beneficiar do aumento previsto para a safra de grãos, em que parte dos embarques é feito em contêineres.
Além da retomada na economia nacional, o resultado expressivo se deve às ações implantadas no Porto de Santos, buscando manter a posição como o principal complexo portuário da América Latina. A participação na balança comercial brasileira se mantém acima dos 27% do total. Se considerados apenas os portos, a presença de Santos sobe para 35%.