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Recuperação do lucro de companhias abertas pode demorar de 3 até 5 anos

Estudo da Abrasca mostrou que apenas 30 de 353 empresas listadas na Bolsa de Valores tiveram retorno sobre ativos superior a 10% no ano passado e cenário para rentabilidade seguirá incerto

 

As companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo vão passar por um processo de ajuste em seus resultados financeiros nos próximos anos. A expectativa é que a recuperação da rentabilidade (retorno) dessas empresas possa demorar de 3 anos até 5 anos.
Um estudo da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) sobre os resultados do ano passado mostrou que apenas 30 entre 353 empresas listadas na Bolsa de Valores tiveram retorno sobre ativos (ROA) maior do que 10% em 12 meses.
“No momento atual, entre 30 e 40 empresas teriam condições de entregar bons resultados aos seus acionistas. Na média, o lucro líquido de todas as companhias abertas [listadas] caiu 10% em relação a 2013”, calculou o presidente da Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos e do Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Apimec-RJ), Carlos Antonio Magalhães.
Diante da recessão e dos efeitos da crise econômica brasileira, Magalhães prevê uma queda na liquidez (negócios) da maioria dos papéis nos próximos anos, além de um movimento de fusões e aquisições entre empresas menores.
“Muitas empresas vão buscar a consolidação para superar a crise. Vai ser a maior recessão de nossa história. Quando a crise se acentuar veremos fusões entre rede de drogarias e de varejo, e a entrada de estrangeiros adquirindo empresas menores”, aponta.
Magalhães diz que os investidores de renda variável (ações) vão se concentrar em papéis de empresas sólidas. “Com os juros altos na renda fixa, ninguém vai arriscar o capital em companhias que tenham um retorno abaixo de 25% ao ano. Eu não arriscaria meu dinheiro”, exemplificou.
O presidente da Apimec-RJ contou que o número de reuniões entre companhias abertas e analistas está diminuindo. “Os empresários não têm o que apresentar”, relatou.

 

No aspecto positivo, ele argumentou que papéis de um grupo selecionado de empresas – que conseguem criar valor – vão ganhar de qualquer outro tipo de investimentos. “São companhias que investem em tecnologia, estão pouco endividadas em dólar, ou são comparáveis às multinacionais”, argumentou.
Entre os exemplos positivos, Magalhães citou líderes em diferentes setores: Itaúsa, Itaú, Bradesco, Cielo (financeiro), Ambev (bebidas), Vale (mineração), Brasil Foods (alimentação), Pão de Açúcar (supermercados), Cemig,Copel, Taesa, Transmissão Paulista, CPFL, Tractebel (energia), Lojas Renner, Hering, Arezzo e Grendene (varejo e vestuário), Totvs, Valid (tecnologia), Natura (cosméticos), Eztec (construção civil), CCR, Ecorodovias e Arteris (concessões), Weg (motores), Kroton, Estácio e Ser Educacional (Educação).
Alertas macroeconômicos
Magalhães considera que o ano de 2015 será difícil, mas que o cenário para 2016 e 2017 continua arrepiante. “Os bancos nunca ganharam tanto dinheiro com juros, mas os banqueiros estão quase chorando, eles estão com medo da conta dos impostos sobrar para eles. Por outro lado, não investiria em nenhum papel de empresa do governo [Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, BB Seguridade], ainda não há segurança política e regulatória”, diz.
Ele também ficaria de fora dos papéis das siderúrgicas (CSN, Usiminas e Gerdau), por causa da competição com a China e das incertezas sobre investimentos em infraestrutura. “O investidor deve olhar para tecnologia, o Itaú investe R$ 11 bilhões em tecnologia, e o Bradesco, R$ 6 bilhões”, citou.

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