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Não adianta mais querer pensar fora da caixa, a caixa sumiu. Por – Fernando Moura,Head of Marketing do Grupo Multirede

Um pensamento muito comum de alguns anos foi que o empresário deveria “pensar fora da caixa” para se renovar. Na verdade muitos tentavam, mas acabavam gravitando em “volta da caixa”, faziam mudanças em suas empresas, nada profundo e saiam sim um pouco fora da mesma, contudo não iam muito longe. A caixa ainda era a referencia.

Agora com a nova era da Transformação Digital a caixa se desintegrou. Não existe mais uma caixa com seus conhecidos concorrentes, ou a caixa do seu mercado regional, uma caixa com seus clientes, e assim por diante. Uma GM, que tem em seus planos alugar carros que serão dirigidos por robôs, se tornará um competidor das empresas de alugueis de carros e provocará o fim dos seguros de automóveis. Os carros geolocalizados e dirigidos por programas que não colidem não teriam necessidade de seguros e nós ao invés de comprarmos carros passariamos apenas a utilizá-los. No futuro próximo, poderemos viajar com uma bagagem mínima, já que impressoras 3D nos hotéis, produzirão roupas sob medida adequadas para aquela estação, compras de supermercado supridas pela Amazon com entrega a domicilio, uso massivo de Bitcoins desintegrando o sistema bancário atual. Ou seja, tudo que até então era sólido e dentro da caixa, se desintegrou no ar.

Muitos podem estar pensando: “Minha empresa já enfrentou muitas mudanças e sobreviveu, estamos no mercado há anos e temos muitos clientes fiéis”. Ok, isso é olhar o passado linear e tentar projetar o futuro linear a partir dele. Diante de mudanças, até que funciona, mas agora não é uma mudança, é uma transformação, e uma transformação rápida e exponencial.

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Vamos entender o que é uma transformação. Uma mudança pode ser uma alteração da taxa cambial, uma alteração da moeda, uma alteração na lei de importação/exportação, uma nova regulamentação para seu produto no mercado, etc. Uma transformação está muito além destes conceitos. Imaginemos um espinheiro onde nossas empresas poderiam ser vistas como os “espinhos” deste ambiente. Podemos ser “espinhos” maiores ou menores, mas fortes ou mais fracos, mais evidentes ou discretos. Contudo quando acontece uma transformação neste ambiente e nascem as rosas, ninguém mais vai chamar este ambiente de espinheiro, vai chamá-lo de roseira. E olha que as rosas serão em menor numero, mas os espinhos se tornam irrelevantes diante delas, as pessoas só veem as rosas. Sua empresa pode se tornar irrelevante diante de um concorrente inovador.

Não adianta melhorar a metodologia de fabricação, melhorar o gerenciamento do estoque, cortar custos de sua “fabrica de velas”, ela jamais vai competir de com o mesmo perfil no novo mercado que se abriu com a chegada da energia elétrica. Também como a melhor fabrica de carruagens só foi a última a fechar, mas também desapareceu.
O primeiro sinal da transformação é a desintegração. Imaginemos uma bancada onde vamos colocar alguns aparelhos do nosso dia a dia de uns 10 anos passados: um computador, um aparelho de TV, uma maquina fotográfica, um relógio, uma filmadora, um aparelho de DVD, um radio, um aparelho de GPS, um bloco de notas, uma agenda, um telefone sem fio, um vídeo game, uma enciclopédia, e vamos colocar tudo “dentro da caixa” e a transformação dos dias de hoje já desintegrou tudo isso transformando em bits que está disponível ao alcance de um clique num smartphone.

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Como nos afirma Alvin Toffler, no seu livro A Terceira Onda: “As novas tecnologias nunca vêm sozinhas. É um pacote: mudanças tecnológicas, seguidas de mudanças sociais, políticas e culturais”. Assim, toda esta transformação afetará a economia global, pois a desintegração das áreas “separadas em caixas” fará uma fusão de tecnologias apagando as linhas divisórias entre as esferas físicas, digitais e biológicas. Os crescimentos deixarão de serem lineares para serem exponenciais com desafios e oportunidades nunca vistos na história. Não é uma mudança, é uma transformação que estamos vivenciando.

E já que estamos nos preparando para o futuro, vejamos o que a IBM diz que nos espera em 2022:

1) Devido aos programas cognitivos, que estará interagindo conosco em tudo lugar, o nosso discurso será uma janela para a nossa saúde mental. Os sistemas cognitivos, são os que aprendem em escala, raciocinam com um propósito e interagem naturalmente com os seres humanos. Você pode dizer muito sobre alguém com base em como ele fala. Por exemplo, se está entediado, perturbado, distraído ou triste.

Como seres humanos, nós evoluímos para pegar essas dicas, mas os avanços rápidos que estão sendo feitos em poder de processamento significam que a análise de fala pode se tornar uma ferramenta muito mais perspicaz. A IBM prevê que, em cinco anos, “o que dizemos e escrevemos será usado por aplicações cognitivas como indicador de nossa saúde mental e bem-estar físico”. Por exemplo, doenças mentais e condições como Parkinson poderão ser detectadas mais cedo usando apenas um aplicativo de celular, graças a cálculos de algoritmos.

Não é algo longe da realidade – sistemas experimentais já estão aparecendo. No ano passado, uma equipe da Universidade do Sul da Califórnia, nos EUA, construiu um programa que foi capaz de detectar variações de padrões de fala normais e identificar sinais de depressão.

2)Ter uma visão de super-herói será possível com softwares inteligentes e novos dispositivos. De acordo com pesquisadores de Stanford, poderosas e pequenas câmeras combinadas com o rápido processamento inteligente significam que seremos capazes de ver mais do que nunca. Além da luz visível, poderíamos enxergar imagens de micro-ondas, além de ondas milimétricas e infravermelhas através de dispositivos suficientemente pequenos para caber no seu bolso – pense nas capacidades visuais de algo como um scanner de segurança de aeroporto, em um dispositivo do tamanho do seu smartphone.

Usando esse tipo de tecnologia, poderíamos ver instantaneamente se um alimento é seguro para comer, ou disponibilizar a carros autônomos a capacidade de ver através de nevoeiro ou chuva muito mais facilmente. Alguns dispositivos do tipo já estão disponíveis no mercado, como os óculos EnChroma que ajudam daltônicos a ver cores. Agora, eles são caros e experimentais, mas até 2022 podem se tornar comuns.

3)“Laboratórios em um chip” vão revolucionar a medicina. À medida que a tecnologia de computação cognitiva vai se tornando cada vez menor e mais poderosa, os benefícios médicos podem ser enormes. A IBM prevê dispositivos precisos que as pessoas podem ter em suas casas, a um custo baixo, para diagnosticar doenças mais cedo do que nunca. Novos laboratórios médicos minúsculos servirão como detetives nanotecnológicos de saúde, rastreando pistas invisíveis em nossos fluidos corporais e nos informando imediatamente se precisamos ir ao médico.

4) Sensores inteligentes da Internet das Coisas detectarão poluição ambiental mais rapidamente do que nunca. Com a internet das coisas os sensores dos sistemas cognitivos estarão em toda parte e assim estarão aptos a serem usados para detectar a poluição ambiental quase que instantaneamente. Assim como um rastreador inteligente poderia detectar os primeiros sinais de doença no corpo humano, sensores inteligentes embutidos no solo ou em drones poderiam detectar poluentes e emissões em tempo real, sem ter que levar amostras a um laboratório.

Um exemplo disto é o vazamento de metano – invisível a olho nu e estimado como o segundo maior contribuinte para o aquecimento global, atrás apenas do dióxido de carbono. Sensores inteligentes localizados ao longo de dutos, instalações e poços naturais poderiam nos avisar de vazamentos mais rápido do que nunca. Eles seriam detectados em questão de minutos em vez de semanas, reduzindo a poluição, o desperdício e a probabilidade de eventos catastróficos.

A tecnologia disruptiva vem para transformar a nossa sociedade, e neste novo ambiente não será o peixe maior que vai devorar o menor, será o peixe mais rápido que vai comer o mais lento.

Fernando Moura – Formado em Engenharia da Computação pela PUC de São Paulo; com pós-graduação em Marketing (ESPM) e também com diversas certificações no exterior, Fernando Moura hoje conta com mais de 40 anos de experiência na área de TI desenvolvida em empresas multinacionais tais como IBM, Cisco Systems, Novell, SAP, Fast Lane, possuindo experiência nacional e internacional assumindo diversos cargos. Atualmente ocupa o cargo de Head of Marketing colaborando na Transformação Digital e Inovação Continua de todo o Grupo Multirede que possui sucursais no Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Peru, Chile, e Angola.

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