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Igualdade, equidade e questões raciais no mercado de trabalho – Por: Heloise da Costa,Analista de Ações Afirmativas e Treinamento em Empresas

Não é incomum ouvirmos falar que “somos todos iguais”, principalmente quando estamos falando de discussões raciais e este é um argumento que sustenta a tese defendida por muitos de que não existe racismo no Brasil. Mas será que essa afirmação é real na prática? Será que vemos a mesma quantidade de pessoas negras e brancas ocupando os mesmos cargos em empresas? Será que vemos nas universidades federais a mesma quantidade de negros e brancos ocupando as salas de aula e os cargos de professores? Será que pessoas negras e brancas que estão no mesmo cargo recebem os mesmos salários?

Num país que possui mais de 50% da população autodeclarada negra, a lógica seria encontrar esta proporcionalidade em todos os restaurantes, peças de teatro, entre outros ambientes. Mas não há proporcionalidade nos espaços de poder, nos lugares representativos etc. Isso pode ser explicado por alguns motivos, dentre eles o legado de desumanização deixado pela escravidão e pela colonização no nosso país, último a abolir o regime escravocrata.

Séculos de sequestro, exploração, objetificação e animalização de pessoas negras africanas e seus descendentes (foram quase 400 anos!) contribuíram ativamente na construção de uma sociedade desigual e que relega a essas pessoas os lugares mais desprivilegiados e a falta de oportunidades. Em 1888, quando foi assinada a Lei Áurea (e não estamos dizendo que este é um marco no fim da escravidão, pois não é!), a suposta abolição se deu sem que houvesse nenhum projeto de inclusão e de reparação da desigualdade gerada.

E é aí que precisamos atentar para um outro conceito, que muitas vezes, é esquecido: o de equidade. A equidade é um processo; a igualdade, um produto. Precisamos tratar de forma desigual aqueles que precisam de ações especiais para que possamos, ao fim, oferecer as mesmas chances a todos. Se uma pessoa é cadeirante e eu tenho uma instituição e coloco um elevador ou uma rampa para que ela possa acessar os espaços, eu estou olhando para aquela necessidade e tratando de sanar uma desigualdade de acesso. É isso que a equidade propõe.

Quando falamos em igualdade racial no mercado de trabalho, estamos falando de adotar medidas, propor ações afirmativas de inclusão, criar processos seletivos e de desenvolvimento de carreira diferenciados. Falamos disso não porque consideramos que um grupo merece esse privilégio, é justamente o oposto. Entendemos que existe uma diferença histórica que precisa ser sanada e, por isso, precisamos realizar iniciativas equitativas (nosso processo), a fim de chegarmos os nosso produto (a igualdade).

Por fim, precisamos lembrar que não somos todos iguais! E isso é ótimo. Somos diferentes, e isso é o que nos enriquece, mas devemos e merecemos, sim, ter chances iguais. Esta é a pauta principal que o ID_BR traz, ao dizer “Sim à Igualdade Racial”!

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