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Quer transformar pessoas, carreiras, empresas e relacionamentos? Dê e receba Feedback! Por: Marcos Gatti – doutorando em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo e pesquisador colaborador do Laboratório de Estudos sobre o Trabalho e Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

Que tal acrescentar algo vital nas relações que influencie a direção, a intensidade e a duração dos comportamentos e afete a qualidade dos resultados obtidos na interação?

Esse ingrediente fundamental é chamado de feedback.

Daniel Pink nos ensina que autonomia, maestria e significado/propósito são ingredientes fundamentais no processo motivacional. A esses três fatores, acrescento FEEDBACK como estímulo motriz agregador de valor nos diálogos e nas conexões que vivenciamos no dia a dia.

Por feedback, entendo todas e quaisquer respostas, conscientes ou inconscientes, propositais ou automáticas, sutis ou escancaradas, veiculadas em um ou mais meios de comunicação como devolução ao(s) nosso(s) interlocutor(es) a partir da interpretação que realizamos dos estímulos acolhidos provenientes dessa(s) outra(s) parte(s) na interação.

Há diferentes propósitos para um feedback e é útil que não haja confusão sobre qual o tipo que almejamos enviar em cada momento, bem como qual que nosso interlocutor espera receber de nós. Eis alguns tipos de feedback:

* Feedback como reconhecimento;

* Feedback como orientação; e

* Feedback como avaliação.

Feedback como reconhecimento

Durante uma conversa, demonstramos estar atentos e interessados em nosso interlocutor (e no conteúdo que nos apresenta) ao lhe darmos feedback sobre o que entendemos em sua fala. Agindo assim, a conversa se torna mais interativa, pois nos permite verificar se entendemos corretamente o que nos foi dito e, no caso de o impacto da mensagem for diferente daquilo que foi pretendido pela outra parte, esta tem a oportunidade de corrigir o rumo da prosa para melhor entendermos sua intenção. Desse modo, podemos expressar ao nosso interlocutor que ele é notado, que tentamos compreender seu ponto de vista, que apreciamos nossa relação e desejamos manter e até aprimorar nossos vínculos.

Feedback como orientação

Nessa modalidade, fornecemos dicas ao nosso interlocutor sobre como proceder para que possa atingir determinado resultado. Apresentamos caminhos para melhoria em seus desempenhos, relacionamentos e/ou estados emocionais; enfim, comunicamos insumos para realização de algo, matéria básica que sirva para o aprimoramento de suas competências e o auxilie como referência em suas tomadas de decisão.

Feedback como avaliação

Com o feedback dessa natureza, informamos uma classificação, uma comparação ou uma análise sobre algo. É essencial que apresentemos quais critérios e parâmetros utilizamos, em que especificamente foram aplicados, com que intenções e, se for o caso, o que esperamos que aconteça e que seja feito a partir desse feedback. A avaliação não deve ser subestimada, tampouco exagerada, por quem a recebe. Portanto, o propósito e o escopo devem estar bem demarcados, nítidos para o destinatário do feedback, pois, por exemplo, a avaliação de uma conduta ou de um desempenho é apenas sobre o comportamento em tela e não sobre a pessoa como um todo. Pessoas, intenções e comportamentos são escopos diferentes de avaliação, os quais não devem ser confundidos.

Papel do feedback na dinâmica comunicacional

O feedback alimenta a conversa impulsionando sucessivos ciclos na interação sistêmica de modo a continuamente ajustá-la em função da intenção pretendida pelo emissor e do impacto percebido pelo receptor e vice-versa. Note, na imagem a seguir, que é o feedback que garante a dinâmica circular no processo de comunicação:

O feedback nutre o processo comunicacional, pois dialogar significa integrar o ouvir atenta e ativamente com o expressar assertivamente em ritmo iterativo e interativo. No diálogo, fluem sucessivos movimentos de ida e volta no intercâmbio de intenções e de significados entre as partes envolvidas nesse processo e o que confere à comunicação sua natureza dinâmica é justamente o dar e receber feedbacks, transformando o ato de “falar para” em “falar com” na busca de construção coletiva/social de resultados que atendam mutuamente os interesses de todos. E esse movimento requer mentes e corações abertos para o encontro autêntico com a descoberta de si e de seus interlocutores de modo respeitoso, verdadeiro e transformador.

Dar e receber feedback é essencial e requer treino para aprimorarmos essa habilidade. Nesse sentido, eis algumas dicas valiosas:

* Na comunicação, o conteúdo verbal é apenas uma pequena fração do que realmente importa; portanto, atenção ao feedback também emitido não verbal e corporalmente.

* Versões não são fatos; são apenas interpretações, leituras que realizamos dos fatos. Conversamos sobre isso no artigo “Empatia nos Diálogos: Relativizar é preciso, pois mapas não são territórios”.

* O significado de sua comunicação é o feedback que você recebe. Portanto, do ponto de vista pragmático, se você diz “laranja” e seu interlocutor entende “abacaxi”, a comunicação entre os dois está com um abacaxi a ser resolvido.

* Envie seu feedback na linguagem de seu receptor para que ele possa entender o que você pretendeu comunicar. É a linguagem dele e não a sua que conta.

* Extraia o que há de relevante e construtivo em todo feedback que venha receber e descarte o que não venha agregar valor.

* AGRADEÇA todo feedback genuíno obtido, pois assim, com ele, você poderá crescer em todos os sentidos.

* Lembre-se também que, muitas vezes, quando alguém lhe pedir feedback, o que pode estar pedindo na verdade é apenas apoio e compreensão, não necessariamente orientação ou avaliação. Ás vezes, o que se quer é apenas a oportunidade de ser ouvido, de desabafar algo. Nesses casos, o que precisamos fazer é demonstrar que estamos presentes e atentos, apenas isso e nada mais, sem que seja adequado manifestar como feedback “soluções” para o exposto, orientações ou avaliações sobre que estamos ouvindo, vendo e sentindo.

Mais uma vez, enfatizo a relevância da distinção do tipo de feedback que pretendemos enviar e do tipo que nosso interlocutor está pedindo, esperando, necessitando ou mesmo preparado para receber em cada situação.

Há muitas outras dicas a serem compartilhadas sobre o tema; porém, o mais importante é logo entrarmos em ação, aprendendo e nos reinventando a partir dos sucessivos feedbacks, dados e recebidos, devidamente levados em conta.

E não estou dizendo que isso seja fácil, pois quando somos nós que damos o feedback, consideramos que nem sempre o receptor o aceita bem e quando somos nós que o recebemos, consideramos que o emissor nem sempre o transmite da forma adequada. Costumamos nos avaliar por nossas intenções e aos nossos interlocutores pelo impacto causado sobre nós e vice-versa. Muitas vezes negamos nossos pontos cegos e nos sentimos ameaçados pelo feedback recebido ou tememos prejudicar a relação ao darmos feedback para nosso interlocutor.

Pense nos benefícios que poderá obter e nos prejuízos que poderá evitar ao aprimorar sua competência comunicacional. Visualize como isso irá melhorar seus relacionamentos pessoais e profissionais e como irá impulsionar favoravelmente sua carreira. Desenvolver sua capacidade de dar e receber feedbacks é algo em que vale investir seu tempo, sua atenção e sua intenção continuamente. Isso requer uma mentalidade de crescimento que admita um sistema de responsabilização compartilhada pelas situações vivenciadas em vez de jogos de papéis de culpados, vítimas e vilões.

Para isso, desperte sua curiosidade, seu desejo de evoluir e de cultivar bem seus relacionamentos e pratique muito colocando em exercício as dicas aqui compartilhadas; verifique suas crenças sobre o assunto; observe pessoas que sirvam como modelo de maestria na arte dos relacionamentos; coloque tudo isso em ação e… extraia bom proveito dos feedbacks que receber de seus interlocutores sobre essa deliciosa prática de colocar diálogo em seu viver!

Prof. Dr. Marcos Linhares Gatti , Doutor em Psicologia Social pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), “PESQUISADOR COLABORADOR DO LABORATÓRIO DE ESTUDOS SOBRE O TRABALHO E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO”, Servidor Público concursado em uma Agência Reguladora, além de professor de Pós-Graduação e Mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com dois títulos de Especialização.

https://www.linkedin.com/in/marcos-gatti/

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