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Pessoas Compartilham Fake News Mesmo Cientes Das Mentiras, Diz Estudo

Uma pesquisa feita na Universidade de Regina, no Canadá, trouxe uma informação no mínimo preocupante no que diz respeito a difusão de conteúdo no ambiente virtual: as pessoas compartilham fake news de forma consciente. Ou seja, a propagação de materiais falsos é feita mesmo quando se sabe que não existe veracidade nos fatos.

O estudo revela, inclusive, que os conteúdos inverídicos não são tão bem feitos a ponto de enganar o público. Ainda assim, em nada impede o compartilhamento. Segundo o levantamento, o principal fator por trás da disseminação de argumentos mentirosos é a sustentação de ideias e opiniões próprias. A justificativa é igualmente considerada pela psicóloga Flávia Ferreira, que há duas décadas atua com Recursos Humanos.

“Embora as fake news estejam mais em alta do que nunca, elas sempre existiram. O que acontece é que, à medida que cada vez mais pessoas têm acesso a mecanismos digitais, a propagação ocorre em maior e mais perigosa escala. Hoje, se vive uma briga de ego muito grande. Seja política, esporte, religião, ou qualquer assunto polêmico ou não, a necessidade em defender o seu lado e justificar que o oposto está errado motiva as pessoas ignorarem questões éticas. Quando você compartilha uma notícia falsa, mas em prol do que você acredita, por mais que parte dos receptores identifique que não há verdade presente, outra parte será enganada, e isso gera sensação de poder em quem propagou. A preocupação não é com o fato, mas com a ‘destruição’ do rival, e pouco importa como isso será feito”, aponta Flávia.

O estudo

Feito nos Estados Unidos, o estudo da universidade canadense contou com 2.500 pessoas. Aos participantes, foram apresentadas manchetes verdadeiras publicadas por jornais locais conceituados e conteúdos criados com informações fake. O objetivo, então, era que o pessoal envolvido no estudo julgasse o que achava ser verdadeiro ou não.

O primeiro passo exigia que cada um dos participantes escolhesse quais matérias compartilharia em suas redes sociais. Nesse ponto, chamou a atenção que parte dos membros da pesquisa não levava em consideração a fonte do conteúdo, mas sim a concordância entre o tema da matéria e suas crenças pessoais. Em especial para os materiais de cunho político – indiferente de qual lado estava envolvido -, foi identificado um aumento de 37,4% de possibilidade de compartilhamento de fake news. E somente 24% do público difundiriam matérias verdadeiras que fossem contra suas opiniões pessoais.

O levantamento mostrou também que, embora quando informadas que de em dadas matérias poderia haver informações falsas, parte das pessoas se inclinava a desistir do compartilhamento, outro grupo ainda assim seguia disposto a fazê-lo.

Outro fator que chamou a atenção foi o “teste de distração” aplicado. 5.500 usuários do Twitter com o hábito de compartilhar notícias falsas foram abordados pelos cientistas. A cada um deles, os cientistas encaminharam uma manchete e o pedido para que ela fosse avaliada de forma precisa e cautelosa. Nas 24 horas seguintes, o time de pesquisa monitorou os perfis escolhidos e notou aumento de 3,5% na confiabilidade dos materiais compartilhados.

Após toda a análise, os cientistas alertaram que não é tão simples uma notícia falsa enganar o público, o que não impede que seu conteúdo fique em segundo plano na “guerra por poder”.

“Fazendo uma busca rápida pelas redes sociais, você vai perceber que, mesmo quando confrontadas sobre a falta de verdade naquilo que compartilham, os usuários ainda assim resistem em admitir o erro. Há muitos argumentos que vão desde o ‘verdade ou não, isso poderia muito bem acontecer’ até os ataques gratuitos e violentos à opinião contrária. É um momento extremamente delicado vivido por uma sociedade que desde criança aprende que seus conceitos e achismos são 100% certos enquanto o contrário sempre vai estar errado, seja qual for a situação”, finaliza Flávia.

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